sábado, 27 de novembro de 2010

Protagonismo dos leigos na comunicação em SP

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

A Arquidiocese de São Paulo celebrou na tarde do domingo, 21 de novembro, o encerramento do 1° Congresso de Leigos, em solenidade que teve a participação de mais de seis mil pessoas no ginásio Mauro Pinheiro, no Complexo Esportivo do Ibirapuera, zona sul da capital paulista.

Nesse mesmo dia, na parte da manhã, delegados das oficinas temáticas do Congresso e representantes das paróquias da Arquidiocese participaram da apresentação da síntese dos 173 planos de ação elaborados em 21 oficinas arquidiocesanas e refletiram sobre os desafios para colocá-los em prática.

Especificamente no âmbito da comunicação social, a comissão executiva do Congresso condensou em nove planos de ação as propostas apresentadas nas oficinas regionais e na arquidiocesana de comunicação. As proposições indicam a urgência de um trabalho comunicacional em rede, que faça a Igreja em São Paulo comunicar-se para além das alvenarias paroquiais.

Uma das ações contempla a formação de um grupo de jornalistas católicos que se reuniria periodicamente para refletir sobre assuntos cotidianos que exijam posicionamentos dos cristãos a partir da fé católica. Outro plano de ação trata da formação de uma rede arquidiocesana de comunicação, composta por pelo menos cinco pessoas de cada região episcopal, que seriam capacitadas em formações para coordenar as ações de comunicação nas regiões. O desafio desse grupo seria acabar com o hiato existente as paróquias e os veículos de comunicação da Arquidiocese, podendo inclusive, em etapa posterior, sugerir pauta para mídias comerciais.

Outra proposta trata da criação de uma equipe arquidiocesana ligada às áreas de filosofia e sociologia que se disponha a ir às comunidades da Arquidiocese incentivando a criação de grupos de leitura e análise crítica da mídia, especialmente em momentos sensíveis de exposição da Igreja em escândalos.

Ações inovadoras e inclusivas também aparecem contempladas nos planos de ação, caso da proposta de distribuição no entorno de paróquias e comunidades de um folheto querigmático com mensagens de iniciação à vida cristã; Há também a ideia da realização de um mapeamento das associações e grupos que acolhem pessoas com deficiências para viabilizar a formação de agentes de pastoral nas linguagens de sinal e braile; outra proposta trata da inclusão digital, com a criação de laboratórios de informática nas paróquias com acesso gratuito para internet e cursos de formação; e por fim, outro plano prioriza o monitoramento pastoral junto aos estudantes católicos de comunicação a fim de envolvê-los na missão da Igreja.

Em destaque em mais de uma proposta, está a intenção de uma análise crítica e posterior aperfeiçoamento das mídias oficiais da Arquidiocese de São Paulo, de maneira que tenham uma linguagem mais compreensível, aberta ao jornalismo colaborativo e inserida nas redes sociais digitais.

Como se percebe, os leigos da Arquidiocese de São Paulo anseiam por mudanças na comunicação e estão cientes de que devem ser os protagonistas desse processo. No entanto, fica o alerta de que os projetos só serão ser viabilizados com investimentos efetivos e ações planejadas, com vistas de resultados a médio e longo prazo.

No que for solicitada a colaborar, a equipe da Pascom Brasilândia estará disposta a dialogar e buscar alternativas para pôr em ação os planos apresentados. Na internet, conduzimos esse trabalho há mais de três anos com o blog, no jornal O São Paulo estamos regularmente presentes com o envio de reportagens e com a rádio 9 de Julho já marcamos presença em outros momentos recentes. Comunicar mais e melhor é o desafio que nos motiva sempre. No Congresso de Leigos, “recarregamos as baterias” para seguir adiante e aprimorar o que já fazemos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Encontro reúne familiares de presos e egressos

Por Juçara Terezinha, pela Pascom Brasilândia

A Pastoral Carcerária Padre Macedo, da Região Episcopal Brasilândia, realizou no sábado, 14 de novembro, um encontro com cerca de 30 pessoas no centro comunitário, da paróquia Santa Rosa de Lima, Perus. Além dos agentes da equipe regional, participaram diversas pessoas egressas e familiares de pessoas encarceradas em diversas penitenciarias e cadeias na grande São Paulo, sendo que a de Franco da Rocha e Osasco concentram a maioria dos presos.
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O descaso do poder judiciário com as pessoas pobres encarceradas, a falta de assistência tanto por parte do estado bem como da Igreja no acompanhamento das famílias que buscam ajuda, a falta de oportunidades para as pessoas que cumpriram penas e os baixos salários pagos a uma pessoa egressa foram os principais assuntos que norteou o debate dos participantes.
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Padre Aécio Cordeiro fez referência à pesquisa que aponta que cerca de 70% das pessoas que cumpriram penas, acabaram retornando ao cárcere privado. “Esta pesquisa revela a falta de oportunidade para estas pessoas. também esta relacionada com a situação de vida”. : “Como é possível uma pessoa egressa viver com menos de um salário mínimo por mês”? desabafa.
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Para o jovem Everaldo, essas pessoas precisam de oportunidade, de apoio de trabalho, escolas de qualidade. “Nós queremos ser tratados com respeito, com dignidade pela sociedade. Somos todos filhos de Deus”. Durante o encontro, diversos depoimentos foram relatados pelas mães de como os agentes penitenciários tratam os encarcerados. “É revoltante, saber que seu filho é tratado pior que os animais” denuncia F.R.D. “O atendimento a saúde é de péssima qualidade. As pessoas que tem algum tipo de problema de saúde não são medicadas e muito menos tem direito a um tratamento adequado”, relada Cida.
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A equipe da Pastoral Carcerária tem feito um esforço sobrehumano para atender as inúmeras famílias que não tem condições de pagar um bom advogado. Outros procuram por ajuda social como alimentação, moradia e saúde. “Somos poucos para fazer muita coisa. Não temos recursos financeiros”, fala angustiada Nice.

Aparecida de Oliveira, 65 anos fala da luta que foi para libertar a filha que ficou presa na penitenciaria feminina em Santana. “Foram 9 meses de muito sofrimento. Minha filha, mãe de duas meninas, inclusive uma é especial, trabalhava e fazia faculdade de pedagogia. Tudo por cauda de uma briga foi parar atrás das grades. Gastei o que não tinha com advogados, más quase nada adiantou. O que me salvou foi ter conhecido esta gente maravilhosa da Pastoral Carcerária. Foi com ajuda dessa equipe que minha filha conquistou a liberdade em 14 de setembro deste. Em 05 de outubro começou a trabalhar,”desabafa emocionada Aparecida.
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Sandra Regina Duarte, agente comunitária, falou sobre o andamento do projeto do Pronasc (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), que já iniciou o trabalho em cinco áreas da Brasilândia com objetivo de fazer um levantamento sobre a situação das pessoas egressas e articular as forças no sentido de encontrar alternativas para as famílias e os egressos.
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Também foi lembrado do seminário com o tema: encarceramento em massa, símbolo do estado penal. O estado brasileiro no banco dos réus organizado pelo tribunal Popular que acontece nos dias 7,8 e 9 de dezembro na Faculdade de Direito, largo São Francisco. Diversas pessoas mostraram interesse em participar.
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O encontro terminou um momento de oração onde diversas pessoas lembraram de algum pessoa da família encarcerada e depois de uma benção, todos participaram de um delicioso almoço preparado pelas lideranças da paróquia Santa Rosa de Lima, Perus.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Jovem: comunicador protagonista na Igreja

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

No fim de semana dos dias 06 e 07 de novembro, a equipe da Pascom Brasilândia esteve presente a dois eventos de comunicação católica: na cidade de São Paulo, acompanhamos a oficina arquidiocesana de comunicação do 1° Congresso de Leigos, e em Sorocaba, no interior do estado, participamos do 16° Encontro Regional de Comunicação, promovido pela Pascom do Sul 1 da CNBB.

Em Sorocaba, 110 pessoas participaram do encontro que teve por tema “Comunicadores no mundo digital: motivações e desafios” e na capital paulista, cerca de 42 delegados leigos apresentaram propostas para melhorias da comunicação em âmbito arquidiocesano.

Apesar das peculiaridades das propostas apresentadas em cada um dos encontros – algo natural, pois os desafios regionais e arquidiocesanos são diferentes – houve um apelo comum de que a Igreja precisa dialogar com os jovens, atraí-los, abrir espaço para que evangelizem a partir da linguagem que lhes é peculiar ao tempo presente.

No Regional da Pascom, o assessor do encontro, professor Marinque Marins, destacou que os jovens de hoje são os nativos digitais - capazes de twiitar, assistir tevê, falar ao celular e ouvir música no ipod ao mesmo tempo- enquanto as principais lideranças das comunidades católicas são os imigrantes digitais, que ainda se adaptam a essas novas plataformas comunicacionais.

O caminho para maior abrangência da proposta evangelizadora da Igreja, passa pela sinergia da juventude digital com a experiência pastoral das lideranças. Há a necessidade de uma relação de troca para a difusão evangelizadora: o jovem, em geral, domina a tecnologia, mas ainda tropeça no conteúdo teológico. As lideranças tradicionais possuem esse saber, mas pouco dominam as recentes técnicas de comunicação digital.

Na oficina de comunicação do Congresso Arquidiocesano de Leigos, a maior parte das propostas de ação em busca de uma comunicação mais eficaz apontou para a necessidade de a Igreja também fazer uso das novas tecnologias digitais – em especial pelas redes sociais digitais – para ser discípula e missionária, por meio de um discurso atual que compita com o pragmatismo da sociedade.

A comunicação, ponte que une as novas tecnologias e o saber adquirido pelos fiéis católicos mais esclarecidos, é a matéria prima para o trabalho da Pastoral da Comunicação, que não pode ser reduzida a criação e manutenção de mídias – o jornalzinho da comunidade, o site ou o blog da paróquia. Mais uma vez, reafirmamos nosso compromisso pastoral de mediar e promover formações em paróquias e comunidades que almejam comunicar melhor interna e externamente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Missa de finados marca compromisso com a vida

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

“Aqui os ditadores tentaram esconder os desaparecidos políticos, as vítimas da fome, da violência, do Estado policial, dos esquadrões da morte e sobre tudo os direitos dos cidadãos pobres da cidade de São Paulo. Fica registrado que os crimes contra a liberdade serão sempre descobertos”.

A frase acima consta no Memorial da Vala de Perus, inaugurado em agosto de 1993, sobre a vala comum no cemitério Dom Bosco, em Perus, onde foram encontrados em 04 de setembro de 1990, 1574 corpos de desaparecidos políticos e indigentes, incluindo os restos mortais de cerca de 500 crianças.

Para celebrar a vida e evitar que a brutalidade cometida durante a ditadura militar caia no esquecimento, mais de 400 pessoas participaram, na terça-feira, 2 de novembro, de uma missa em memória aos fieis defuntos em frente ao Memorial da Vala de Perus. A celebração, organizada pelas paróquias do setor Perus, foi presidida por dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau, e concelebrada pelo diácono Antônio Campeiro Ferreira, e pelos padres Rodrigo Pires Vilela da Silva, Léo Muitjens, José Aécio Cordeiro, Matheus Vroemen e Júlio Lancellotti.

Um grupo de leigos atuantes no setor Perus fez a acolhida dos que se aproximavam do espaço de celebração Todos foram convidados a anotar os nomes dos entes falecidos e recebiam o folheto com as canções da missa. Um pouco antes da missa começar, já era possível perceber a representatividade de todas as idades na missa, com crianças, jovens, adultos e idosos no gramado próximo ao Memorial da Vala de Perus

Dom Angélico destacou que os cristãos capazes de celebrar no cemitério reafirmavam a fé na ressurreição em Jesus. Ele também falou do significado de uma missa próxima à vala comum. “Estamos aqui à beira da vala comum, o que faz do cemitério de Perus emblemático para o Brasil porque para cá foram trazidos homens e mulheres que lutaram contra a ditadura militar e vítimas de violência. É um marco que nos lembra que precisamos valorizar o dom da vida em toda a sua dimensão. Essa celebração nos lembra da necessidade que temos de não colocar aqui nossa morada, pois estamos a caminho de uma morada permanente para aonde Deus está nos atraindo, que é a eternidade feliz, onde seremos acolhidos na misericórdia de Deus”, apontou.

Durante a homilia, o bispo emérito de Blumenau lembrou ainda que no cemitério Dom Bosco estão sepultados muitos moradores de rua, além das vítimas da ditadura militar, pessoas que foram esquecidos pela história enquanto alguns torturadores viraram nome de ruas, avenidas e até de cidades. “Essa vala comum, que lembra os heróis da resistência, deve ficar sempre em nossa memória, assim como as sepulturas dos moradores de rua que aqui estão enterrados”, conclamou.

Antes da missa, integrantes das CEBs na Brasilândia e agentes da Pastoral do Povo de Rua realizaram um momento de oração próximo aos túmulos de cinco moradores de rua assassinados em agosto de 2004 na cidade de São Paulo. “Esse cemitério também é dos pobres e dos esquecidos. Nós rezamos nas sepulturas dos moradores de rua para nos comprometermos com aqueles que ainda estão pelas ruas de nossa cidade, para que tenham vida com dignidade, com seus direitos respeitados”, destacou o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua.
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Desde 2004, os túmulos são zelados pelas CEBs do setor Perus e pelo Centro de Direitos Humanos. A pastoral conseguiu junto a prefeitura autorização para que não haja exumação dos restos mortais, procedimento comum após cinco anos do sepultamento.

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