quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Violência afeta Igreja na Brasilândia

Por Juçara Terezinha e Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia
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A escalada de violência que assola a cidade nas últimas semanas causou impacto na dinâmica pastoral das paróquias da Brasilândia.
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Com anseio pela paz, 500 pessoas participaram no domingo, dia 11, de uma caminhada no Jardim Guarani. Entre elas, os familiares e amigos de Carlos Eduardo Oliveira Santos, 19 anos, conhecido com Duda, assassinado, com um tiro na cabeça, na segunda-feira, dia 5, ao lado do jovem Luís Ricardo Romão.
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“O que revolta a família é o jeito covarde com que mataram Duda. Não teve tempo de se defender. Foi questão de segundos e Duda estava morto”, expressou Sônia Aparecida Santos, tia de Duda.
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A caminhada foi concluída na Comunidade São José Operário, vinculada à Paróquia Espírito Santo, no Jardim Ana Maria, onde Duda participava das missas e atividades pastorais. Na sequência, houve celebração, presidida pelo padre Jaime Estevão Gomes, que cobrou posturas do poder público para conter a insegurança, e pediu que a violência não seja respondida com violência, mas com paz.
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A sensação de insegurança predominou na região durante a última semana e chegou a muitas paróquias. Na Igreja São José Operário, no Jardim Damasceno, que na última semana recebeu a réplica da Cruz da JMJ, um momento litúrgico que se realizava na segunda-feira, 5, foi interrompido assim que o administrador paroquial, padre Marcelo do Sagrado Lado, recebeu apelos de paroquianos para ajudar os  moradores a voltar para casa pela avenida Deputado Cantidio Sampaio, que foi interditada após ônibus serem incendiados.
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Ainda de acordo com o padre, notou-se um número menor de pessoas nas celebrações noturnas. A mesma realidade foi vivenciada na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, na Vila Terezinha. “Nosso povo tem muito medo, estamos evitando reuniões à noite e nas missas de semana à noite pouquíssimas pessoas estão participando. A paróquia não recebeu nenhum toque de recolher, mas o bairro sim”, confirmou o pároco, padre Valdiran Ferreira dos Santos.
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Cancelamentos ou antecipações de reuniões pastorais para o período diurno também foram verificados nas paróquias Santa Rita de Cássia, na Vila Progresso (houve toque de recolher no bairro) e Bom Pastor, no Jardim Carumbé (no bairro três pessoas foram assassinadas na madrugada da terça-feira, 6). Na Igreja São Francisco de Assis, no Jardim Guarani, o filho da catequista de uma das comunidades foi assassinado.
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Diante do cenário de violência, dom Milton Kenan Júnior, bispo regional, divulgou na sexta-feira, 9, a mensagem “Pela Não Violência Já” (veja a íntegra no site www.rebra.org.br, seção “Olhar Episcopal), na qual lamenta a morte de civis e militares, diz temer pela criminalização contra a população da periferia da cidade e pede que as autoridades e a sociedade civil unam-se para encontrar caminhos para superar a barbárie. 
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“A população sofre intensamente com a insegurança que se instalou, devido ao conflito entre facções criminosas e a Polícia Militar. Muitos bairros sofrem com o toque de recolher, já no período da tarde, e com os assassinatos que se dão pelas madrugadas adentro”, constata o bispo.
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Oxalá o sangue dos muitos inocentes, derramado injustamente nestes dias, seja o clamor para que outras vidas não sejam ceifadas e famílias sejam poupadas de chorar a morte de seus filhos, vítimas de um mundo tão pouco irmão!”, expressa dom Milton ao final da mensagem.

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