Por
Juçara Terezinha e Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia
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A
escalada de violência que assola a cidade nas últimas semanas causou impacto na
dinâmica pastoral das paróquias da Brasilândia.
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Com
anseio pela paz, 500 pessoas participaram no domingo, dia 11, de uma caminhada
no Jardim Guarani. Entre elas, os familiares e amigos de Carlos Eduardo
Oliveira Santos, 19 anos, conhecido com Duda, assassinado, com um tiro na
cabeça, na segunda-feira, dia 5, ao lado do jovem Luís Ricardo Romão.
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“O
que revolta a família é o jeito covarde com que mataram Duda. Não teve tempo de
se defender. Foi questão de segundos e Duda estava morto”, expressou Sônia
Aparecida Santos, tia de Duda.
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A
caminhada foi concluída na Comunidade São José Operário, vinculada à Paróquia
Espírito Santo, no Jardim Ana Maria, onde Duda participava das missas e
atividades pastorais. Na sequência, houve celebração, presidida pelo padre
Jaime Estevão Gomes, que cobrou posturas do poder público para conter a
insegurança, e pediu que a violência não seja respondida com violência, mas com
paz.
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A
sensação de insegurança predominou na região durante a última semana e chegou a
muitas paróquias. Na Igreja São José Operário, no Jardim Damasceno, que na
última semana recebeu a réplica da Cruz da JMJ, um momento litúrgico que se
realizava na segunda-feira, 5, foi interrompido assim que o administrador
paroquial, padre Marcelo do Sagrado Lado, recebeu apelos de paroquianos para
ajudar os moradores a voltar para casa
pela avenida Deputado Cantidio Sampaio, que foi interditada após ônibus serem
incendiados.
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Ainda
de acordo com o padre, notou-se um número menor de pessoas nas celebrações
noturnas. A mesma realidade foi vivenciada na Paróquia Santa Terezinha do
Menino Jesus, na Vila Terezinha. “Nosso povo tem muito medo, estamos evitando
reuniões à noite e nas missas de semana à noite pouquíssimas pessoas estão
participando. A paróquia não recebeu nenhum toque de recolher, mas o bairro sim”,
confirmou o pároco, padre Valdiran Ferreira dos Santos.
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Cancelamentos
ou antecipações de reuniões pastorais para o período diurno também foram
verificados nas paróquias Santa Rita de Cássia, na Vila Progresso (houve toque
de recolher no bairro) e Bom Pastor, no Jardim Carumbé (no bairro três pessoas
foram assassinadas na madrugada da terça-feira, 6). Na Igreja São Francisco de
Assis, no Jardim Guarani, o filho da catequista de uma das comunidades foi
assassinado.
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Diante
do cenário de violência, dom Milton Kenan Júnior, bispo regional, divulgou na
sexta-feira, 9, a mensagem “Pela Não Violência Já” (veja a íntegra no site
www.rebra.org.br, seção “Olhar Episcopal), na qual lamenta a morte de civis e
militares, diz temer pela criminalização contra a população da periferia da
cidade e pede que as autoridades e a sociedade civil unam-se para encontrar
caminhos para superar a barbárie.
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“A
população sofre intensamente com a insegurança que se instalou, devido ao
conflito entre facções criminosas e a Polícia Militar. Muitos bairros sofrem
com o toque de recolher, já no período da tarde, e com os assassinatos que se
dão pelas madrugadas adentro”, constata o bispo.
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“Oxalá o sangue dos muitos inocentes, derramado
injustamente nestes dias, seja o clamor para que outras vidas não sejam
ceifadas e famílias sejam poupadas de chorar a morte de seus filhos, vítimas de
um mundo tão pouco irmão!”, expressa dom Milton ao final da mensagem.
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