sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pascom inova com transmissões em tempo real

Nos domingos de 16 e 23 de agosto, o Blog da Pascom Brasilândia realizou experiências pioneiras na transmissão de eventos religiosos em tempo real – acompanhamento simultâneo e descrição dos fatos minuto a minuto – na missa de despedida de dom Simão da Região Episcopal Brasilândia e sua posse, no domingo seguinte, na Diocese de Assis, interior de São Paulo.


Na inédita transmissão experimental realizada na missa de 16 de agosto na paróquia Santos Apóstolos, Jardim Maracanã, a equipe da Pascom Brasilândia acompanhou e descreveu os ritos da missa e as movimentações pré-celebração por meio de 57 atualizações de texto no link http://aovivopascom.zip.net, inserido no blog da pastoral. A transmissão em tempo real estendeu-se por mais três horas e foi acompanhada por aproximadamente 15 internautas. Devido a problemas com a queda de conexão de internet móvel, houve alguns poucos momentos nos quais houve grandes intervalos entre as postagens. Porém, na média de atualizações, a cada três minutos e meio o internauta recebia novas informações, em tempo real, sobre a celebração.


Com vistas a aprimorar as técnicas de transmissão e desenvolver novas linguagens para a comunicação católica na Web, a Pascom Brasilândia transmitiu ao vivo e em tempo real a celebração da posse de dom Simão na Diocese de Assis, cidade localizada a 440 km da capital paulista. A transmissão durou exatamente três horas e 53 minutos e não foram registradas quedas na conexão de internet móvel. Além das atualizações minuto a minuto, os internautas cadastrados na conta de e-mail aovivopascom@hotmail.com, acompanharam ao vivo as imagens e os áudios da missa realizada na Catedral Sagrado Coração de Jesus, em Assis (SP).


Os números referentes à transmissão experimental em Assis são surpreendentes. Foram postadas 180 mensagens de texto, na média, uma nova atualização a cada 1min51s. Mais de 20 pessoas acompanharam as atualizações em tempo real. Na cobertura via MSN, 15 internautas – um destes conectado diretamente da Espanha - interagiram com a transmissão e tiveram a possibilidade de solicitar ângulos específicos de imagem para melhor acompanhamento. Chamou a atenção ainda que 18 horas após o encerramento da cobertura, mais de 40 usuários acessaram o link da transmissão em tempo real.


Como avaliação das duas transmissões, pode-se constatar que há tecnologia barata e acessível para a cobertura jornalística de missas e outros eventos religiosos em tempo real, desde que haja comprometimento pastoral e estudo prévio das linguagens de internet e dos ritos litúrgicos e busca de informações adicionais sobre a atividade. Esse pode ser um novo caminho de evangelização e interesse acerca das atividades da igreja, especialmente entre os mais jovens. A Pascom Brasilândia já planeja novidades para as próximas coberturas. Trabalharam nas transmissões os jornalistas Daniel Gomes e Juçara Terezinha, a estudante de jornalismo Karla Maria de Souza e os comunicadores populares Anderson Brás e Aline Débora, todos integrantes da Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Brasilândia.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Gratidão e reconhecimento a dom Simão

Por Karla Maria e Daniel Gomes, integrantes da Pascom Brasilândia

Realizada na paróquia Santos Apóstolos, no domingo, 16 de agosto, data na qual a Igreja celebrou a Assunção de Nossa Senhora, a missa de despedida de dom José Benedito Simão teve a participação de mais de 500 pessoas - fiéis da Região Brasilândia e religiosos (40 padres, 30 religiosas e 13 diáconos permanentes) - entre os quais o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer; os bispos regionais auxiliares, dom Pedro Luiz Stringhini (Belém) e dom João Mamede Filho (Lapa); e dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau.

No início da celebração, em um discurso de cinco minutos, dom Odilo parabenizou o trabalho de dom Simão na Região Brasilândia e o estimulou para a nova caminhada em Assis. “Os 12 (apóstolos) foram enviados em missão por Jesus e partiram com a força do Espírito Santo. Que Deus o abençoe, dom Simão, e que este envio possa encher o seu coração de coragem, força e conforto. Vá como missionário enviado pelo Papa, com muita coragem, contando com a certeza de que a Igreja o está enviado para exercer o seu pastoreio. A Igreja de Assis o acolherá com muito carinho. Obrigado por tudo que fez na Arquidiocese de São Paulo, em particular na Região Brasilândia”, discursou o arcebispo.

Após a liturgia da palavra, dom Simão foi homenageado pelos funcionários da Cúria Regional e escutou a fala afetuosa do padre Carlos Alves Ribeiro, comentarista da missa. “Sete anos de bispo conosco, sete é o número da plenitude, da totalidade. A nossa Região possui sete setores e é através deles, que nós tentamos animar a vida missionária do nosso povo”, destacou o padre, que citou ainda alguns momentos da caminhada de D.Simão, nos mais de 2.700 dias como bispo da Brasilândia.

Durante a homilia, dom Simão agradeceu a assembléia, destacou a presença da irmã Brígida (Pastoral da Mulher) e parabenizou os diáconos permanentes, padres, religiosas e agentes de pastoral. O bispo lamentou não ter realizado tudo o que gostaria. “Fiz o possível, mas vou deixar problemas, infelizmente. A vida é problematizada a gente nem pode querer entendê-la de outra maneira, o importante é que a gente faça o melhor, e eu fiz o que pude”, disse. D. Simão também falou sobre a nomeação à Diocese de Assis. “Nós, como padres, diáconos e religiosos, estamos à disposição da Igreja. Por isso estou indo para a Diocese de Assis. Espero que a Mãe de Deus continue me ajudando em Assis, e que Ela continue olhando para a região Brasilândia", afirmou.

A missa, de duas horas e meia de duração, foi realizada com os ritos das missas dominicais e seguiu a liturgia diária. Ao final da solenidade, dom Simão desejou boa sorte para os que ficam e disse que espera reencontrar os amigos da Região. “Espero que a Igreja da Brasilândia continue sendo uma igreja comprometida com a vida, com a realidade de sofrimento de seu povo. A fé é compromisso, aproximação com Deus e com seu povo, sobretudo, com os mais pobres. Essa foi minha última missa como bispo da Região Brasilândia, mas certamente nos veremos outras vezes pelos caminhos da vida", finalizou.


Pascom Brasilândia estará em Assis

Dom José Benedito Simão assumirá a função de bispo da Diocese de Assis, interior de São Paulo, no domingo, 23 de agosto. O Blog da Pascom transmitirá a solenidade em tempo real, AO VIVO, a partir das 14h30. Acesse o Blog, acompanhe a transmissão e interaja conosco pelo MSN aovivpascom@hotmail.com

sábado, 15 de agosto de 2009

Os sete anos de Dom Simão na Brasilândia

por Daniel Gomes, jornalista e moderador do blog da Pascom

A Região Brasilândia realiza do domingo, 16 de agosto (com transmissão ao vivo pelo blog da Pascom), a missa de despedida de Dom José Benedito Simão, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Episcopal Brasilândia. A solenidade acontece na Paróquia Santos Apóstolos, Jardim Maracanã, a partir das 15h.

Sagrado bispo episcopal em 25 de janeiro de 2002, Dom Simão assumiu a função de bispo regional em 09 de março do mesmo ano. Desde então, esteve à frente, direta ou indiretamente, de diversas formações e atos na caminhada da Igreja na Brasilândia.

Em sete anos de discipulado e missão, o bispo soube motivar diversos movimentos, novas comunidades e pastorais atuantes na Região Brasilândia, bem como deu espaço para a formação de leigos no consagrado ITEBRA, nas Semanas Regionais de Formação e na Escola de Teologia e Pastoral, ETEP, inaugurada em março de 2008. No campo da comunicação, o bispo promoveu a inclusão da Brasilândia na era da internet, por meio do site REBRA, mas teve que amargar o fim do jornal Voz da Esperança.

A relação de Dom Simão com o clero regional foi pautada na busca do rígido cumprimento das diretrizes da Igreja Católica e no equacionamento de alguns conflitos internos. Por diversas vezes, o bispo motivou os padres da Região a serem missionários e não apenas zeladores paroquiais. “O padre não é ordenado apenas para assumir uma paróquia, ele tem uma missão de evangelizar, de ser um missionário, um animador do povo de Deus. Por isso, o padre precisa vivenciar sua vocação, ser fiel e feliz no ministério, realizado, comprometido com o evangelho”, disse o bispo na missa dos Santos Óleos deste ano.

Nas motivações sociais, Dom Simão não apareceu na linha da frente, mas soube dar pleno apoio aos leigos e religiosos que lutam pela promoção de paz, justiça social e respeito ao meio ambiente. Desse modo, esteve presente no Simpósio do Lixo em 2009, foi solidário com os indígenas, quando do incêndio na aldeia do Jaraguá em setembro de 2008, apoiou a luta contra a instalação de mais um lixão no Anhanguera, e esteve em eventos de movimentos sociais como o MST.
Na articulação política, o bispo atuou com o clero local na elaboração de um documento sobre as demandas regionais que foi entregue aos candidatos a prefeito da cidade em 2008, e participou do debate com os pleiteantes ao executivo municipal no mesmo ano. Responsável no seu papel de líder religioso, soube dialogar com diversas tendências políticas, mas se resguardou do uso político de sua imagem, não fazendo campanha para nenhum partido ou candidato específico.

Dos eventos de mobilização popular da Igreja na Brasilândia, Dom Simão guardará boas lembranças, especialmente das aberturas da Campanha da Fraternidade, especialmente de 2005, quando as ruas da Freguesia do Ó foram o palco de um grande ato ecumênico, e da CF 2006, pela marcante participação de cadeirantes. Porém, uma das decepções do bispo, ocorreu justamente na abertura da CF 2009, quando diversos problemas técnicos e estruturais atrapalharam o bom andamento do ato religioso. “Fracassamos na abertura da Campanha da Fraternidade deste ano. Fizemos tantas aberturas bonitas, sempre tinha dado certo, mas esta falhou, foi algo até ridículo”, avaliou o bispo na Assembléia Regional no último mês de junho.

Um dos momentos inesquecíveis nos sete anos de caminhada de Dom Simão foi a Peregrinação Regional à Catedral da Sé, em abril de 2009, nas celebrações do Ano Paulino na Arquidiocese de São Paulo. A Brasilândia partcipou com representantes de movimentos, pastorais e novas comunidades, e com mais de duas mil pessoas, entre leigos e religiosos. “A nossa peregrinação do Ano Paulino estorou a boca do balão, toda a Região esteve presente e provamos que é possível haver comunhão eclesial. Nós lotamos a Catedral da Sé e fizemos muito bonito”, avaliou o bispo.

A Dom José Benedito Simão, paulista de Caçapava, padre desde 1981, e bispo da Região Episcopal Brasilândia nos últimos sete anos, nós, da equipe da PASCOM Regional, desejamos boa sorte na caminhada junto à Diocese de Assis, interior de São Paulo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Manifestações de um povo tratado como lixo

Toda madrugada a cena se repetia: após a meia noite, dezenas caminhões de entulho, de todos os lugares de São Paulo, se enfileiravam na Avenida Deputado Cantídio Sampaio, à espera da abertura da Central de Tratamento de Lixo – nova nomenclatura para os conhecidos lixões - adaptada em uma extinta pedreira na Vila Brasilândia.

Antes do nascer do sol, segundo relato dos moradores da favela Clara Nunes, ao lado do lixão, começava o despejo de entulhos e o sono, já interrompido na madrugada pelo barulho dos caminhões, findava. Pela manhã, o trânsito na Avenida, no sentido centro-bairro, era prejudicado pela fileira diária de caminhões de entulho; e ao longo do dia, os moradores viam facilmente os impactos do “lixo importado”: poeiras nas casas, terras e resíduos pelas ruas e diversos problemas de saúde gerados em um ambiente sujo.

No início da noite da última segunda-feira (3), os moradores cansaram de ser tratados como parte do lixo. Cerca de 300 deles, ajuntaram os resíduos, pedaços de madeiras e pneus, atearam fogo nos materiais e paralisaram o trânsito, sempre caótico, da Avenida Deputado Cantídio Sampaio. Duas viaturas do corpo de bombeiros foram chamadas para apagar o fogo. A PM foi convocada para reprimir o movimento, e o fez com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. Na tensão do conflito, os manifestantes quebraram o vidro de um ônibus. Apesar do tumulto, ninguém ficou ferido.

Nas manhãs de terça (4) e quarta-feira (5), a fila de caminhões de entulho voltou a dominar a Avenida, e o caos retornou à vida dos moradores. No começo da noite de quarta, novas manifestações. Desta vez, 200 pessoas incendiaram pneus em mais dois trechos da via e um novo tumulto se formou, sendo rapidamente reprimido pela PM. Dessa vez, a manifestação resultou em ferimentos leves em alguns manifestantes.

Pela manhã da quinta-feira (6) foi possível verificar os indícios dos protestos da noite anterior, como o asfalto queimado e os resíduos carbonizados, em trechos da Avenida Deputado Cantídio Sampaio. Duas diferenças, em relação aos dias anteriores saltavam aos olhos: havia um policiamento ostensivo nos bairros do entorno; e a habitual fila de caminhões sumiu.

É impossível prever se o problema dos moradores está definitivamente resolvido. Não será surpresa, se após a meia noite, em algum dia desses, o barulho dos caminhões de entulho volte a perturbar o silêncio das madrugadas. Certezas, nesse drama da vida real, não existem. Pelo contrário, o que há são muitas dúvidas a serem esclarecidas pelas autoridades públicas: a extinta pedreira pode funcionar como lixão? Onde está a fiscalização da “lei do silêncio” quando o barulho dos caminhões de entulho importuna o sono dos moradores da região? Caminhões estacionados na via, por tempo indeterminado não devem ser multados, como determina a Código Brasileiro de Trânsito? Por que sempre a Brasilândia é a escolhida para ser o “lixão” da cidade?

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