sexta-feira, 29 de maio de 2009

Retiro dos padres destaca prática da ternura

Por Cilto José Rosembach, padre e jornalista, integrante da Pascom

Aconteceu de 18 a 22 de maio, o retiro do clero da Região Episcopal Brasilândia na casa de retiros das irmãs de Schoenstatt, em Atibaia (SP). A atividade teve orientação de dom Serafim Fernandes de Araujo, arcebispo emérito de Belo Horizonte (MG).

Com o pleno vigor e otimismo de quem está próximo de completar 85 anos de vida, e já tem 60 anos de padre e cinco décadas de bispo, dom Serafim abordou o tema do retiro falando sobre a teologia da ternura de Deus com as pessoas. Ele iniciou a pregação alertando os padres sobre a necessidade de serem irmãos e “servirem com alegria, pois neste tempo de crise, violência e conflitos sociais, o mundo precisa de nós e nós precisamos estar bem, unidos e fortalecidos”. Ele lembrou ainda que neste mundo em pedaços, “no Brasil as coisas boas encontram imensa dificuldade para se encontrar, as instituições estão sem ética, à honestidade parece não vingar”, enfatizou.

O clero está diante de um grande desafio pastoral. Neste contexto, tratar e perceber a ternura de Deus manifestada por Jesus é fundamental, “pois se não falarmos ao coração do povo, não teremos falado nada, porque o coração é que nos faz ver bem”, destacou o arcebispo emérito. Ele também apontou que há um modelo a ser seguido, o próprio Cristo que colocou como essencial em sua vida a ternura e a misericórdia. A ternura é um dom natural de Deus em cada coração humano e ela resgata, recria, regenera, transforma, perdoa, desenvolve a paz e nos faz parceiros de Deus.

Para dom Serafim, a ternura não é sentimentalismo, afetação, fraqueza, mas uma suave comoção, tensão carinhosa, afeto sem interesse. Um exemplo de ternura é a passagem bíblica sobre o Bom Samaritano que ao recolher um homem judeu, considerado inimigo que estava caído, levantou-o e deixou-o na hospedaria e pediu: cuida dele, quando voltar, acertarei o que foi gasto a mais... Ternura é força, sinal de maturidade, vigor interior e desabrocha no coração livre capaz de dar e receber amor. Ternura é o caminho mais bonito para o seguimento de Cristo, é a estrada aberta para a verdadeira caridade.

Por fim, o arcebispo destacou que “a ternura nos ajuda a enfrentar o sofrimento da vida, ela nos ajuda a viver com alegria e esperança. Como vivo a ternura de Deus com as pessoas que moram comigo? Trabalham comigo?”, questionou os presentes. Como desafio para continuar a missão com ternura é necessário repensar nossas práticas. Sem ternura não se cuida dos pobres. A cultura da ternura dará ao mundo amor e paz.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Brasilândia e o Dia Mundial das Comunicações

Em 24 de maio, a Igreja Católica celebra o 43° Dia Mundial das Comunicações Sociais. Na Arquidiocese de São Paulo, a data será refletida em uma mesa de debates, com a presença do cardeal dom Odilo Pedro Scherer, e em missa na Catedral da Sé (veja mais em notícias das paróquias, comunidades e pastorais).

A temática do Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano - “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, diálogo e amizade” – destaca um dos pilares das atividades das equipes de Pascom na Brasilândia: o trabalho com novas mídias que gera promoção de dignidade humana.

Por meio do uso das ferramentas de comunicação digital (sites, blogs, e-mail, entre outros), as equipes de Pascom da Região têm dado importantes passos como o envio constante de informações, via e-mail, para diversos veículos de comunicação, regionais ou eclesiais, e a produção de conteúdo no suporte digital. Merecem menção, o serviço noticioso que a Pascom Brasilândia realiza há mais de três anos para o jornal “O São Paulo” e a criação de suportes digitais que sempre apresentam novos conteúdos, como os sites das paróquias São Luís Gonzaga e São Judas Tadeu e os blogs da Pastoral Afro e Blog da Pascom Brasilândia.

Essas iniciativas contemplam a postura dos cristãos, recomendada pelo Papa Bento XVI, diante da comunicação digital: promover dignidade humana e uma maior interação entre os homens a partir do suporte digital.

O Santo Padre alerta, no entanto, que essa relação on-line não deve sobrepor-se às relações cotidianas. “Seria triste se o nosso desejo de sustentar e desenvolver on-line as amizades fosse realizado a custa de nossa disponibilidade para a família, para os vizinhos e para aqueles que encontramos na realidade do dia a dia (...) quando o desejo da ligação virtual se torna obsessivo, a conseqüência é que a pessoa se isola, interrompendo a interação social real e isto acaba por perturbar também as formas de repouso, de silêncio e de reflexão necessárias a um são desenvolvimento humano”, diz o Papa Bento XVI em mensagem para o 43° Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Na mensagem, o Papa também convoca os cristãos a utilizarem os novos suportes de comunicação como instrumentos de inclusão social e digital dos menos favorecidos. “Seria um grave dano para o futuro da humanidade, se os novos instrumentos de comunicação, que permitem partilhar saber e informações de maneira mais rápida e eficaz, não fossem tornados acessíveis para àqueles que já são econômica e socialmente marginalizados ou se contribuíssem apenas para incrementar o desnível que separa os pobres das novas redes que se está a desenvolver ao serviço da informação e socialização humana”, afirma o Papa Bento XVI.

Com o uso das novas tecnologias para tecer relações e construir uma cultura de respeito, diálogo e amizade, as atividades de Pascom na Região Brasilândia progridem e motivam a formação de novas equipes da pastoral, como as recém-montadas nas paróquias Nossa Senhora da Expectação (Setor Freguesia do Ó) e Paróquia Mãe Rainha (Setor Jaraguá).

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Liturgia é destaque na Brasilândia

por Juçara Terezinha, jornalista e integrante da Pascom Brasilândia

A Região Episcopal Brasilândia realizou de quatro a sete de maio a Semana Regional de Formação com a temática da liturgia. Aconteceram, simultaneamente, encontros em quatro setores da Região e no total mais de 500 pessoas estiveram presentes.

As atividades foram assessoradas por Márcio Antônio de Almeida, mestrando em música e membro da equipe de reflexão de música litúrgica da CNBB; Gabriel Frade, mestre em liturgia pela Pontifícia Universidade Assunção; Padre Rui Melati, especialista em liturgia e responsável pelo Diretório Litúrgico da CNBB; e pelos graduandos em teologia, Fabiana Sousa e Eurivaldo Silva Ferreira.

A semana de formação abordou os temas “Teologia e Espiritualidade”, “Espaço Litúrgico”, “Partes Fixas da Missa” e “Rubricas na Celebração Eucarística”. Os assessores falaram de aspectos importantes para que as celebrações litúrgicas possam ser encarnadas na realidade na qual vivem as pessoas.

Nos quatro dias de formação, houve um consenso de que as celebrações devem estar em sintonia com o tempo litúrgico da Igreja e entrelaçadas com a vida das comunidades. Também foi lembrado que muitas vezes as celebrações viram mero espetáculo, com representações, encenações e pessoas dão shows que não ajudam no ato de celebrar.

Outro elemento enfatizado foi o ambiente litúrgico, que deve estar bem preparado, independente do lugar. É um espaço de ouvir a palavra, partilhar e reassumir o compromisso de lutar para todos tenham vida digna.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Em 1° de Maio... aconteceu... aconteceu?

Alguns movimentos sociais tentaram fazer do 1° de Maio um momento de reflexão sobre a realidade do trabalhador brasileiro e a influência da crise financeira internacional no fechamento de mais de 1 milhão de postos de trabalho no país, desde outubro de 2008.

Porém, infelizmente, a lembrança da data, para a maioria das pessoas, ficará apenas pelo feriado prolongado e pelos mega-shows que puderam assistir nos eventos das Centrais Sindicais. Os shows promovidos pela Força Sindical, por exemplo, reuniram mais de 1,3 milhão de espectadores.

No dia em que a Igreja Católica celebrou São José Operário – data instituída pelo papa Pio XII em 1955, houve a missa do trabalhador na Catedral da Sé e algumas celebrações em paróquias da cidade, mas foi pouco. E não pelas iniciativas da Igreja, mas especialmente pela pouca participação dos fiéis em todas as regiões episcopais da cidade.

Em mensagem direcionada à sociedade brasileira, a CNBB lembrou que este 1° de maio deveria ser um dia de reflexão, acerca dos impactos de uma crise gerada pelos grandes capitalistas, mas com efeitos mais danosos para os mais humildes. ”A crise atinge, sobretudo, os trabalhadores, os pobres, as pequenas e médias empresas. Os bancos recebem verbas milionárias dos governos para salvar o sistema financeiro. No entanto continuam as demissões, levando muitas pessoas a buscarem sua sobrevivência no trabalho informal”, afirmava o documento assinado pelos bispos do Brasil que também destacava que ”A crise financeira e econômica é apenas uma parte da crise mais profunda que é social, política, cultural, ambiental, ética e espiritual”.

No documento da CNBB, nas manifestações sociais e nas missas do dia do trabalho ficaram evidentes que a lógica de demissões em massa, desvalorização dos aposentados, ineficiência na reforma agrária, falta de incentivo às alternativas de economia popular e outras ações, ou não-ações, que deixam o povo fora do centro do poder, irão apenas agravar ainda mais a crise e a injustiça social. O recado está no ar, quem tiver ouvidos ouça, junte-se e busque a mudança, ainda que lenta e em menores proporções. Este 1° de Maio passou, e ai, você mudou?

sábado, 2 de maio de 2009

Em discussão, “O Lixo Nosso de Cada Dia”

O Simpósio “O Lixo Nosso de Cada Dia” promovido pela Região Brasilândia em 25 de abril, na paróquia Santos Apóstolos, reuniu mais de 200 pessoas, entre representantes governamentais, lideranças sociais, comunitárias e religiosas, para discutir a gestão do lixo na cidade de São Paulo e colaborar com apontamentos para o documento que a Região Brasilândia vai elaborar a cerca da temática.

Na abertura dos trabalhos, o bispo regional, Dom Simão, enfatizou que todos são co-responsáveis pela preservação do meio-ambiente e que a relação do homem com o lixo precisa passar por mudanças. “Nós somos colaboradores de Deus aqui na Terra e temos compromisso com a vida. A consciência ecológica é necessária para que possamos amar e preservar nossa residência comum que é o planeta Terra, e nesse sentido, o debate sobre o lixo é fundamental, para que não o vejamos apenas como problema, mas sim, uma possibilidade de solução para algumas questões sociais”, destacou.

No Simpósio, houve uma mesa de diálogo acerca das políticas públicas de gestão do lixo, com a participação de Wagner Taveiras, representante da Secretaria de Serviços e Obras e responsável pela coleta seletiva do lixo na capital; Minoru Kodama, técnico em coleta e destinação de resíduos sólidos; e Leonardo Morelli, representante da Defensoria Pública das Águas.

Wagner Taveiras, lembrou que diariamente 9,5 mil toneladas de lixo são produzidas em São Paulo e que apenas 20% desse montante é passível de reciclagem, mas só 7% são de fato reciclado através da coleta seletiva feita por 16 cooperativas de catadores (mais 10 devem firmar parceria com a prefeitura até 2012). Wagner Taveiras alegou que falta espaço para a instalação de novas cooperativas e lamentou a resistência das pessoas à montagem das centrais de triagem. “Todo mundo acha ótimo a existência das centrais de triagem, mas ninguém quer a instalação de uma perto de casa”, afirmou.

Minoru Kodama fez um histórico sobre o tratamento do lixo na cidade de São Paulo, apresentou as possibilidades para a gestão dos resíduos (compostagem, incineração, aterro sanitário e coleta seletiva), disse que a capital já exporta lixo para aterros sanitários de outras cidades como Guarulhos e Caieiras e denunciou a existência de uma máfia do lixo que emperra qualquer progresso nas políticas de limpeza urbana na cidade. Para ele, sem uma mudança nos hábitos alimentares (65% do lixo produzido é orgânico) e de consumo, a sociedade não conseguirá resolver a problemática do lixo.

O representante da Defensoria Pública das Águas, Leonardo Morelli foi enfático na crítica à gestão do lixo da cidade, especialmente quanto à venda de créditos de carbono em bolsa de valores. “Esse é o jeitinho brasileiro de burlar o Protocolo de Kyoto, vendendo energia limpa, extraída de fonte suja, e se não bastasse, o dinheiro arrecadado não é aplicado em benefício da comunidade, muito menos na recuperação das áreas degradadas pelos lixões”, avaliou. Segundo ele, menos de R$ 1 milhão, entre os R$ 34 milhões arrecadados com a venda dos créditos, foi investido em coleta seletiva e a prefeitura não tem se preocupado com a formação de novas cooperativas de catadores.

Os participantes do Simpósio puderam questionar os debatedores. Entre as diversas questões apresentadas houve menção à má gestão dos créditos de carbono, falta de capacidade do corpo técnico da prefeitura, desvios de recursos destinados à coleta seletiva, tratamento desumano dados aos catadores de lixo, falta de uma política educacional voltada à gestão do lixo e meio-ambiente e ausência da Câmara Municipal de São Paulo nos debates sobre o lixo.

Os apontamentos realizados pelos debatedores, bem como as opiniões dadas pelos os participantes nos grupos de trabalho do Simpósio, servirão de base para a elaboração de propostas na gestão do lixo, a ser feita pela Região Episcopal Brasilândia. Na entrevista coletiva concedida após o debate, Wagner Taveiras, responsável pela coleta seletiva do lixo na capital, comprometeu-se a encaminhar o documento para o gabinete do prefeito, o qual deverá repassá-lo aos grupos de trabalho devidos.

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