sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dom Milton chega à Arquidiocese de São Paulo

por Karla Maria Souza, integrante da Pascom Brasilândia

Dia 25 de janeiro, é dia de festa para a cidade de São Paulo. Este ano, a capital completou 456 anos e a Região Episcopal Brasilândia participou desta festa de um modo especial, com um motivo a mais para comemorar: a apresentação de seu novo bispo episcopal, dom Milton Kenan Júnior.

O aniversário da cidade e a apresentação do bispo auxiliar, somaram-se à Abertura do 1° Congresso Arquidiocesano de Leigos, que aconteceu na Catedral de São Paulo, durante missa presidida por dom Odilo Pedro Sherer, cardeal arcebispo de São Paulo.

Os bancos da Catedral não foram suficientes para acolher as mais de 3.500 pessoas, homens, mulheres e jovens, leigos e leigas, religiosos e religiosas das seis regiões episcopais: Belém, Brasilândia, Ipiranga, Lapa, Santana e Sé, que compõem a Arquidiocese de São Paulo.

Durante a liturgia, foram realizadas orações pela cidade e pelos seus governantes, para que a exemplo do apóstolo Paulo, trabalhem em defesa do povo, em prol da justiça e da paz. Os presentes rezaram também por todos os que sofrem, pelos abandonados, por todas as vítimas das chuvas, pelos idosos e por todas as regiões episcopais, em especial pela região Brasilãndia que na mesma ocasião, recebeu seu bispo.

Em entrevista à Pascom da Brasilândia, durante sua ordenação episcopal, dom Milton falou de sua vinda para a Região. "Fiquei muito feliz com a minha nomeação de Vigário Episcopal da Brasilândia. Uma região cercada de desafios, mas também de grandes esperanças, pelo povo que lá trabalha e pelas suas comunidades", disse o bispo.

A ordenação episcopal de dom Milton aconteceu em 27/12/2009, na cidade de Jabotical e sua posse na Região Brasilândia será dia 06/02, às 15h na Paróquia São Luiz Gonzaga (Praça D. Pedro Fulco Morvidi, Vila Pereira Barreto).

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Buracos e caos na Avenida Cantídio Sampaio

Por Daniel Gomes, jornalista e moderador do Blog da Pascom

As intensas chuvas que assolam São Paulo em janeiro provocam diariamente o surgimento de mais de dois buracos nas ruas da cidade. Nesta semana, o Blog da Pascom acompanhou o estado caótico do asfalto da Avenida Deputado Cantídio Sampaio, uma das principais vias da Região Brasilândia.

O pior trecho da via está entre os bairros do Jardim Damasceno e Jardim Carumbé, próximo às obras da Estação Elevatória de Água Guaraú-Jaraguá. Há mais de duas semanas o asfalto está “um queijo suíço”. Os buracos, em diversos pontos, obrigam os motoristas a reduzir a velocidade drasticamente, provocando congestionamentos quilométricos nos dois sentidos e atrasos superiores a 30 minutos no tempo de percurso.

Outros pontos da avenida também apresentam buracos, alguns próximos a pontos de ônibus. Em alguns casos, esses buracos permanecem repletos de água por muitos dias e não são raras às vezes nos quais as rodas de carros e ônibus “levantam a água” que suja, prejudica e constrange àqueles que aguardam o transporte coletivo nos pontos.

A prefeitura de São Paulo pouco tem agido para a resolução do problema, e quando busca resolvê-lo opta em tapar os buracos, ao invés de recapear a via. O mais curioso é que a atual administração do município já teve provas concretas de que recapear é a medida mais eficaz e barata. Em 2007, a prefeitura investiu R$ 4,6 milhões em recapeamento, e evitou o surgimento de aproximadamente 65 mil buracos. Na prática, a cada buraco que deixa de surgir nas ruas, São Paulo economiza R$ 70,00.

Se recapear é a solução mais eficaz, não há explicação lógica para que de janeiro a julho de 2009, tenha havido o recapeamento de apenas 14,05 Km de vias, valor abaixo da média de 222 km/ano recapeado nos três anos anteriores, conforme informações do jornal O Estado de São Paulo.

Em março de 2007, a atual administração anunciou um programa de recapeamento para diversos pontos da cidade, incluindo obras na Avenida Deputado Cantídio Sampaio, entre os trechos da Avenida Henry Charles Potel e Raimundo Pereira de Magalhães. Parte do recapeamento foi efetuado parcialmente, como se pode inferir a partir do trecho esburacado nas proximidades da Estação Elevatória de Água.

E não são apenas os buracos que provocam problemas no trânsito da Avenida. As dimensões estreitas da via e os verdadeiros gargalos estruturais em alguns trechos são notórios. Nas proximidades do Jardim Guarani, no entroncamento da avenida com a rua Santa Cruz da Conceição, um ponto movimentado de passageiros trava o trânsito no sentido Taipas-Cachoeirinha. Como não há ponto seguro para ultrapassagem, os motoristas precisam esperar a circulação dos coletivos para seguir o percurso.

Nesse caso específico, o exemplo a seguir para a solução do problema está na própria avenida. Nas proximidades da E.E Walfredo Arantes Caldas há mais de dez anos existe uma “via de recuo” para a entrada dos ônibus nos pontos de passageiros. Nas laterais do ponto citado anteriormente (nas proximidades do Jardim Guarani) há espaço suficiente para a construção de uma “via de recuo”, medida que poderá atenuar o martírio diário de motoristas, moradores e usuários de transporte público que utilizam a avenida.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Oportunismo político: um risco às comunidades

Por Daniel Gomes, jornalista e moderador do Blog da Pascom

Em 2010, os brasileiros vão às urnas para escolher um novo presidente da república, além de governadores, senadores e deputados, federais e estaduais. Um ano eleitoral, como este, retoma a discussão sobre posicionamento da Igreja Católica e de seus fiéis nas eleições. O documento 87 da CNBB, referente às diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil (2008 - 2010), recomenda algumas posturas políticas.

O parágrafo 86 do documento fala sobre a presença, formação e atuação política dos fiéis católicos: "Todos os fiéis são também impulsionados pelo Espírito a participar da vida política, pois a vida cristã não se expressa somente em virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas. Os leigos, devidamente formados, devem estar presentes na vida pública, atuando como verdadeiros sujeitos eclesiais e competentes interlocutores entre a Igreja e a Sociedade".

Se atuar politicamente é um dever do cristão, resta a incerteza de como fazê-lo de forma democrática e sem apelos de politicagem. Em recentes "anos políticos", foram muitos os relatos das ações de "políticos oportunistas" na Região Brasilândia. Na maioria dos casos, esses pleiteantes à vida pública oferecem auxílio financeiro e material para as comunidades e paróquias na busca de alguns minutos de "palanque religioso".

Geralmente, o "político oportunista" inicia sua tática tornando-se "amigo" das lideranças comunitárias e agentes de pastoral. Depois, identifica as demandas da comunidade e oferece a solução, com generosas doações de materiais como bancos novos, microfones, aparelho de som, datashow, entre outros.

Outra estratégia adotada pelo "político oportunista" consiste em fazer uso da palavra nos momentos celebrativos: de uma hora para outra, o sujeito que raramente ia à missa, se oferece para fazer comentário, leituras e até preparar a homenagem da missa do dia das mães, por exemplo. Outra tática é o patrocínio em eventos da comunidade, quando o "político oportunista" coloca o próprio nome em destaque em faixas, folders e panfletos.

Há até relatos, muito recentes, de candidatos que para ter uma relação mais próxima com as lideranças, estimularam que as reuniões deliberativas sobre os assuntos da comunidade ocorressem foram do espaço da igreja e distante da vista dos padres, para que "outros assuntos" também entrassem em pauta.

As lideranças comunitárias e os agentes de pastoral devem estar atentos as essas situações e comunicá-las ao pároco ou administrador paroquial. O documento 87 da CNBB, no parágrafo 59, destaca que os católicos, como missionários de Jesus Cristo, são convocados a participar "responsavelmente na construção de uma sociedade mais justa, na reabilitação da ética e da política, no trabalho por uma cultura de co-responsabilidade".

Portanto, a Igreja Católica não está isenta das discussões políticas e pode promover oportunidades para o diálogo com as diversas tendências políticas, além de momentos para formação e debates, como o realizado em 2008 pela Região Episcopal Brasilândia com os candidatos a prefeito de São Paulo.

A existência de "políticos oportunistas" não é indício de que toda a classe política e os pleiteantes à vida pública sejam corruptos. É de bom termo que as lideranças comunitárias desestimulem e impeçam a ação dos "políticos oportunistas" e criem situações para um amplo debate político e democrático, sem partidarismo, como recomenda o documento 87 da CNBB em seu parágrafo 179:

"Consciente de sua inevitável contribuição para o bem comum e para uma sociedade cada vez mais democrática, a Igreja reconhece, no cerne de sua identidade, o caráter indispensável do empenho por uma democracia plena, inclusiva e participativa. Ao assumir o compromisso político, a postura católica se caracteriza pela radicalidade evangélica, sem identificação partidária, todavia".

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Na Periferia: cobranças em dia, direitos em atraso

por Daniel Gomes, jornalista e moderador do Blog da Pascom Brasilândia

As comemorações pelo início de um novo ano ainda não haviam terminado. Em pleno domingo, 03 de janeiro, moradores do Jaraguá, Taipas, Anhanguera, Pirituba e de outros bairros de São Paulo formavam filas nos postos de recarga de bilhete único na tentativa de escapar, provisoriamente, do aumento de 17,4% na tarifa de transporte público.

Mantida há três anos em R$ 2,30, a tarifa teve reajuste de R$ 0,40 e segundo a prefeitura de São Paulo, o novo valor ainda não será suficiente para subsidiar todos os gastos com a manutenção do sistema de transporte público. No ano passado, a prefeitura desembolsou R$ 800 milhões com subsídios, mas a superlotação e as quebras de ônibus e lotações foram, e continuam a ser, cenas comuns no cotidiano do usuário.

Destaque-se que a manutenção da alíquota em R$ 2,30 foi proporcionada pelo remanejamento de parte do dinheiro que seria destinado para as obras do Rodoanel (via com pedágio) e da expansão das linhas de metrô e trens (aliás, é oportuno lembrar que a Linha 7 da CPTM, que atende alguns bairros da Região Brasilândia, teve pouquíssimas obras realizadas até agora).

Na periferia, a lógica das cobranças em dia e dos direitos públicos em atraso é ainda mais visível. Enquanto os imóveis residenciais terão até 30% de reajuste na cobrança do IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano (residências com valor de venda de até R$ 92,5 mil estão isentas do imposto), as ruas do Jardim Damasceno, por exemplo, seguem repletas de buracos e muitas ruas de Taipas estão com problemas na iluminação pública.

Segundo projeções da prefeitura de São Paulo, a arrecadação do IPTU em 2010 deve ser de R$ 3,8 bilhões, cerca de R$ 600 milhões a mais que em 2009. Já o governo do estado deverá acumular R$ 8,9 bilhões com a cobrança do IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

Os donos de automóveis emplacados em São Paulo terão ainda que gastar com a Inspeção Veicular Ambiental (IVA), obrigatória. A taxa é de R$ 56,44. Os proprietários de modelos antigos, situação mais comum na periferia, poderão ter gastos adicionais com reparos mecânicos para que seus veículos sejam aprovados na IVA. Os automóveis não inspecionados estarão impedidos de ser licenciados e ficarão sujeitos a multa.

Muitas demandas da periferia na Região Brasilândia seguem pendentes: término do Complexo Viário do Jaraguá, finalização de espaços culturais e de entretenimento para a juventude, melhorias nos serviços de saúde, sinalização de vias públicas, entre outros. O Blog da Pascom está atento aos problemas regionais e irá sempre cobrar pelo uso justo e prudente das verbas arrecadadas com impostos municipais, estaduais e federais.

sábado, 2 de janeiro de 2010

"In Manus Tuas": dom Milton é da Brasilândia

Por Daniel Gomes, jornalista e integrante da Pascom Brasilândia

Nem o tempo nublado, tampouco a emenda do feriado prolongado impediram que mais de 50 padres, religiosas e fiéis da Região Brasilândia rumassem no domingo, 27 de dezembro, para Jaboticabal - cidade a 370 km de São Paulo - para a ordenação episcopal do monsenhor Milton Kenan Júnior, futuro bispo auxiliar da Região Episcopal Brasilândia.

A ordenação, realizada no ginásio Alberto Bottino, diante de quase três mil pessoas, foi marcada por muita emoção e compromissos do novo bispo com a Igreja Católica. Em um dos momentos mais emocionantes, dom Milton, já ordenado bispo, saudou os presentes ao lado de dom Odilo. Houve comoção geral também quando o novo bispo acolheu seus pais no altar e deu a volta em todo o ginásio para abençoar os fiéis.

Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, e presidente da missa, destacou as atribuições do novo bispo junto à Arquidiocese. "Monsenhor Milton, nós estamos muito felizes a agradecidos a Deus porque a Arquidiocese de São Paulo recebe o senhor bispo como auxiliar do grande rebanho de Deus. Nos ajude com sua dedicação, para tomar conta, junto com os demais bispos auxiliares, desse grande rebanho de Deus na Arquidiocese de São Paulo. Deus o chamou. ELE o guiará, o protegerá e o fortalecerá. Que a mão de Deus esteja sempre com você e sobre você", desejou. Durante a missa, o cardeal agradeceu aos pais do novo bispo, ao papa Bento XVI e a octogenária (80 anos) Diocese de Jaboticabal pela vocação de dom Milton.

O rito de ordenação episcopal começou com a entoação em latim do canto Veni Creator Spiritius. Os atos seguintes foram: a apresentação do eleito, leitura da bula papal, homília, propósito do eleito (quando dom Odilo questionou monsenhor Milton sobre nove propósitos), ladainha de todos os santos, imposição das mãos, prece de ordenação, unção da cabeça de dom Milton com o santo óleo da crisma, entregas do livro do evangelho, anel de bispo, mitra e báculo pastoral, e saudação da paz.

Na sequência, foram procedidos os ritos comuns de uma missa dominical. Após a partilha da comunhão, dom Milton falou pela primeira vez como bispo. Ele agradece sua nomeação pelo papa Bento XVI e a confiança de dom Odilo. Lembrou-se dos bispos e de todo o clero da Diocese de Jaboticabal, agradeceu os católicos de sua cidade natal, Taiúva (na região de Ribeirão Preto), e aos paroquianos das igrejas pelas quais passou: São João Batista e Nossa Senhora Aparecida, em Bebedouro; e São Benedito e Nossa Senhora do Carmo, em Jaboticabal.

Dom Milton deixou uma mensagem de otimismo e comprometimento para a Região Brasilândia. "Sou grato a Deus e a dom Odilo pela minha nomeação como vigário episcopal da Região Episcopal Brasilândia (intensos aplausos). Embora não os conheça de perto, já os tenho no coração e nas minhas orações. Posso imaginar a luta que enfrenta a grande periferia da cidade de São Paulo para fazer do evangelho a força de Deus para salvar aqueles que o acolhem. Desde já, minha oração e afeto a todo o clero e povo da Arquidiocese de São Paulo. Vamos caminhar juntos inspirando-nos no testemunho daqueles que nos precederam no serviço do evangelho".

O novo bispo lembrou-se dos santos e mártires que lhe servirão de exemplo. "Em tuas mãos, Senhor, é o lema que escolhi para o meu ministério episcopal, inspirando-me no abandono confiante de Santa Tereza do Menino Jesus e no exemplo profético que nos legou dom Helder Câmara, cujo centenário de nascimento comemoramos em 2009. Coloco-me inteiramente nas mãos de Deus que é pai, pedindo que ele se sirva de mim como seu instrumento para a realização da sua vontade".

Dom Milton Kenan Júnior, 46 anos, será apresentado como bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, em 25 de janeiro, às 10h, na Catedral Sé, e assumirá a função de vigário episcopal da Região Brasilândia, em 06 de fevereiro, em missa, às 15h, na paróquia São Luis Gonzaga, em Pirituba.

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