sexta-feira, 20 de maio de 2011

Igreja age na indiferença do poder público após incêndio em favela na Brasilândia

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

A maioria das 150 pessoas afetadas por um incêndio que consumiu cerca de 50 barracos, na madrugada de segunda para terça-feira, dia 17, em uma favela do Jardim Rincão, nas proximidades da Paróquia São Luis Maria G. Montfort, Setor Jaraguá, permanece alojada no salão da igreja.

Em conversa com lideranças locais na tarde da sexta-feira, dia 20, o clima era de profunda decepção com a aparente indiferença das autoridades municipais. Como é padrão, a prefeitura de São Paulo cadastrou as famílias afetadas no dia posterior ao incêndio, ofereceu alguns colchonetes para que “se acomodassem” no salão da Igreja, disponibilizou vagas nos distantes albergues no centro da cidade e também ofereceu o auxílio aluguel para algumas famílias, que devem apresentar alguns documentos (certamente já consumidos pelo incêndio) para obter o benefício.

Os desabrigados recusam-se a ir para albergues e garantem que não muito distante da favela há uma escola vazia e em boas condições para abrigar as famílias. Na terça-feira, dia 17, quando fecharam a Estrada de Taipas para protestar pela aparente lentidão da prefeitura em dar uma assistência efetiva aos desabrigados, os moradores foram contidos pela PM, com bombas de gás lacrimogênio, que provocou desmaios até em crianças com dois meses de vida, denunciou uma das lideranças.

Solidário, os fiéis e leigos engajados da Paróquia São Luis Maria G. Montfort mobilizaram os comerciantes e moradores locais e conseguiram doações de roupas e alimentos, em quantidade que tem sido suficiente para alimentar as pessoas. Dia e noite, voluntariamente, preparam as refeições e prestam solidariedade às famílias.

Neste momento, embora as famílias ainda precisem de doações, a paróquia não tem mais espaço físico para guardar os mantimentos, no entanto, segundo as lideranças, são urgentes doações de artigos infantis como fraldas e chupetas.

Quanto a liberação da escola próxima para abrigar as famílias, moradores denunciam o “jogo de empurra” entre as secretarias municipais de habitação, saúde e educação e a subprefeitura de Pirituba/Jaraguá, e lamentam que nem mesmo após a intervenção do bispo regional e de padres da Brasilândia, as autoridades tenham se sensibilizado.

As causas do incêndio ainda estão sendo investigadas, mas é certo que ninguém mora em favelas por que quer, e todos têm o mesmo direito a uma vida digna e com cidadania, algo que neste momento está sendo negado a estas famílias desabrigadas.

A equipe da Pascom Brasilândia expressa solidariedade às vítimas do incêndio na favela do Jardim Rincão e lamenta que a Prefeitura de São Paulo ainda não tenha viabilizado um espaço mais cômodo para que as famílias se instaurem.

Informações sobre como fazer doações podem ser obtidas na secretaria da paróquia pelo telefone (11) 3941-1868 e no e-mail paroquiasaoluisdemontfort@gmail.com

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