sábado, 14 de maio de 2011

Operação delegada não é só para fiscalizar camelôs

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

Desde a terça-feira, 10 de maio, as principais vias comerciais dos bairros pertencentes às subprefeituras da Freguesia do Ó/Brasilândia e Pirituba/Jaraguá passaram a ser atendidos com a operação delegada, convênio do governo do Estado, PM e prefeitura de São Paulo, que visa reduzir os índices de criminalidade nas localidades.

A operação não é nova na cidade, existe desde dezembro de 2009 e atualmente conta com cerca de 3.500 policiais, que nas horas de folga fazem “policiamento ostensivo, de acordo com os critérios estabelecidos pela municipalidade. Esse tipo de policiamento se revelou muito bom, levou à redução da criminalidade, afastou aquele comércio ilegal, clandestino nas calçadas da cidade, que muitas vezes acaba propiciando, favorecendo o marginal a se esconder entre esses vendedores ambulantes”, segundo palavras de Antonio Ferreira Pinto, secretário estadual de Segurança Pública, em entrevista que me concedeu em janeiro deste ano.

Como se percebe, no entendimento do secretário, a meta da operação delegada é a redução da criminalidade, que passa também, mas não só, pelo combate do comércio ilegal, mas pelo visto, a municipalidade de Kassab, entende que a operação delegada foi criada exclusivamente para combater e fiscalizar camelôs em situação irregular.

Chamou a atenção nas home-page das duas subprefeituras, a definição de que a operação delegada existe para combater o comércio ilegal. “Policiais militares, em dia de folga, passam a fiscalizar os ambulantes que trabalham irregularmente em determinadas regiões características por serem grandes centros de comércio ambulante irregular”, consta em notícia da subprefeitura de Pirituba/Jaraguá; e para a subprefeitura da Freguesia do Ó/Brasilândia, a operação existe para “coibir a atuação de comerciantes ilegais na rua da cidade”.

Ao que parece, a municipalidade transformou em exclusividade o que era parte do foco da operação delegada. Deve se lembrar ao senhor prefeito e aos subprefeitos que a PM também deve estar também nessas localidades para coibir roubos, furtos, eventuais perturbações públicas, ao menos é o que se propôs inicialmente.

Conforme nos explicou Antonio Ferreira Pinto, em janeiro, a operação delegada ocorre “de acordo com as necessidades da municipalidade, a prefeitura é que estabelece as áreas onde essa operação delegada deve se desenvolver”.

Pois bem, é louvável o combate ao comércio ilegal, que sustenta entre outras mazelas, o tráfico de drogas, o comércio ilegal de armas e até as redes de prostituição e pedofilia. Porém, não deveria também a municipalidade solicitar um policiamento ostensivo para locais da região, distantes dos centros comerciais, onde a criminalidade tem atuado quando e como quer?

Nas proximidades do Conjunto Habitacional do Jardim Yadóya, por exemplo, área da subprefeitura da Freguesia do Ó/Brasilândia, há mais de um mês um grupo de estupradores têm vitimado mulheres e criança. Pasmem: eles atacam a hora que bem entendem, a menos de 2 km da base da PM no Jardim Damasceno e quase sempre no mesmo ponto de ônibus, em frente a uma escola pública do bairro, localizada na movimentada Avenida Deputado Cantidio Sampaio. Evidentemente, algo precisa ser feito, e por que não um policiamento ostensivo?

Quanto à Operação Delegada em si e as condições de trabalho para os PMs, apesar da ressalva de que às vezes há um número excessivo de policiais na mesma esquina, nos parece de bom tom, pois o policial atual em parte de suas horas de folga, ainda (oficialmente) tem tempo para descansar antes de retornar à jornada comum e está paramentado com todos os equipamentos para a garantia da segurança pública.

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