Daniel Gomes, reportagem no O SÃO
PAULO (com complementações)
Fotos: Douglas Mansur
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No
ano em que completa oito décadas de vida, dom Angélico Sândalo Bernardino (que
aniversariou em 19 de janeiro), bispo emérito de Blumenau (SC) e ex-auxiliar da
Arquidiocese de São Paulo, ganhou de presente um livro que rememora sua
caminhada pastoral, especialmente junto aos mais pobres, na Arquidiocese de Ribeirão
Preto, na Diocese de São Miguel Paulista (de 1975 a 1989, quando esta era região
episcopal de São Paulo), na Região Brasilândia e em Blumenau.
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Com
640 páginas, o livro “Dom Angélico Sândalo Bernardino – Bispo Profeta dos
Pobres e da Justiça”, foi lançado na noite da sexta-feira, 8, na Paróquia São
Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, na Diocese de São Miguel Paulista,
em celebração por ele presidida, e que teve intensa participação de leigos e
autoridades civis.
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Foram
57 minutos de discursos em homenagem ao bispo, recordando seu apoio às lutas
populares, especialmente no período repressivo da ditadura militar. Um dos
momentos marcantes da celebração foi quando dom Angélico proclamou, em
movimento, acompanhado de três leigos, um deles cadeirante, a passagem bíblica
do Sermão da Montanha, e ressaltou que o compromisso fundamental da Igreja é
com os pobres, desvalidos e marginalizados.
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Como
destacou dom Angélico na missa, o livro não retrata apenas sua vida, mas “fala
da Igreja e de todos nós misturados, povo de Deus a caminho”. Na obra, leigos,
padres, bispos, políticos e acadêmicos recordam histórias vivenciadas junto ao
Bispo e há ainda textos que analisam seu episcopado sob as perspectivas
teológica, filosófica, cristológica e eclesiológica.
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“Trazer
à tona a história dessa Igreja construída por dom Angélico, nos fez despertar
para uma coisa: a gente entrou numa espécie de letargia nos últimos tempos e
havíamos nos esquecido que é possível uma Igreja atuante, verdadeira, de um
povo que se põe em movimento”, destacou em entrevista Waldir Aparecido Augusti,
coordenador do livro. De acordo com ele, a obra levou dois anos para ser
elaborada, tem tiragem de 5 mil exemplares, distribuição gratuita, e deverá ter
segunda impressão em até 90 dias.
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A obra
foi publicada em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, com recurso
obtido por emenda parlamentar do deputado estadual Adriano Diogo. “Pensamos em
fazer o livro em 2010 e foi um enorme sofrimento, mais aos poucos os recursos
foram saindo. Dom Angélico é um marco na história da Igreja Católica e na luta
do povo brasileiro”, comentou.
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Waldemar
Rossi, membro-fundador da Pastoral Operária, e que escreveu um dos artigos do
livro, enalteceu a atuação pastoral do Bispo.
“O dom Angélico tem uma coisa extremamente importante: ele tem uma noção
clara que a sociedade é dividida em classes e fez a opção pela classe operária.
Toda a ação evangélica dele vem nesse sentido”.
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‘Pretendo caminhar com o meu povo como
servidor’
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Qual foi a reação do senhor ao saber
do projeto do livro?
De
início, eu fui radical: ‘não percam tempo escrevendo a história de dom Angélico,
agora se vocês quiserem algo importante, escrevam a história da Igreja povo de
Deus lá na Leste e eu misturado como sacerdote, profeta e pastor’. A cada dia,
me convenço mais que o bispo, o padre, nós somos chamados especialmente por
Jesus para caminhar com o povo.
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Que impressões já teve do livro?
Acho
que quiseram contemplar os meus 80 anos e é impressionante, pois não vejo
motivo para estarmos comemorando 80 anos. Cada dia deve ser vivido
intensamente, Jesus já dizia que a cada dia basta o seu fardo, então, eu
comemorando 80 anos por dádiva de Deus, e não por mérito pessoal, sou uma
pessoa altamente favorecida por Jesus, a cada dia que passa, fico mais
apaixonado por Jesus, e agora, bispo emérito, tenho entusiasmo de jovem no
trabalho de evangelização.
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Que histórias o senhor ainda pretende
construir ao lado do povo?
Sinceramente,
pretendo caminhar com o meu povo como servidor. Aos 80 anos, digo como São
Francisco de Assis: ‘Até agora fiz pouco, hoje recomeço’, com muito entusiasmo
e gratidão a Deus por ter me chamado a fazer parte da Igreja Santa, minha Mãe e
mestra, para ser padre, bispo, servidor desse povo amado de Deus, povo de Deus
a caminho.
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