quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Livro sobre vida e trabalho pastoral de dom Angélico é lançado

Daniel Gomes, reportagem no O SÃO PAULO (com complementações)
Fotos: Douglas Mansur
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No ano em que completa oito décadas de vida, dom Angélico Sândalo Bernardino (que aniversariou em 19 de janeiro), bispo emérito de Blumenau (SC) e ex-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, ganhou de presente um livro que rememora sua caminhada pastoral, especialmente junto aos mais pobres, na Arquidiocese de Ribeirão Preto, na Diocese de São Miguel Paulista (de 1975 a 1989, quando esta era região episcopal de São Paulo), na Região Brasilândia e em Blumenau.
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Com 640 páginas, o livro “Dom Angélico Sândalo Bernardino – Bispo Profeta dos Pobres e da Justiça”, foi lançado na noite da sexta-feira, 8, na Paróquia São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, na Diocese de São Miguel Paulista, em celebração por ele presidida, e que teve intensa participação de leigos e autoridades civis.
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Foram 57 minutos de discursos em homenagem ao bispo, recordando seu apoio às lutas populares, especialmente no período repressivo da ditadura militar. Um dos momentos marcantes da celebração foi quando dom Angélico proclamou, em movimento, acompanhado de três leigos, um deles cadeirante, a passagem bíblica do Sermão da Montanha, e ressaltou que o compromisso fundamental da Igreja é com os pobres, desvalidos e marginalizados. 
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Como destacou dom Angélico na missa, o livro não retrata apenas sua vida, mas “fala da Igreja e de todos nós misturados, povo de Deus a caminho”. Na obra, leigos, padres, bispos, políticos e acadêmicos recordam histórias vivenciadas junto ao Bispo e há ainda textos que analisam seu episcopado sob as perspectivas teológica, filosófica, cristológica e eclesiológica. 
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“Trazer à tona a história dessa Igreja construída por dom Angélico, nos fez despertar para uma coisa: a gente entrou numa espécie de letargia nos últimos tempos e havíamos nos esquecido que é possível uma Igreja atuante, verdadeira, de um povo que se põe em movimento”, destacou em entrevista Waldir Aparecido Augusti, coordenador do livro. De acordo com ele, a obra levou dois anos para ser elaborada, tem tiragem de 5 mil exemplares, distribuição gratuita, e deverá ter segunda impressão em até 90 dias.
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A obra foi publicada em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, com recurso obtido por emenda parlamentar do deputado estadual Adriano Diogo. “Pensamos em fazer o livro em 2010 e foi um enorme sofrimento, mais aos poucos os recursos foram saindo. Dom Angélico é um marco na história da Igreja Católica e na luta do povo brasileiro”, comentou.
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Waldemar Rossi, membro-fundador da Pastoral Operária, e que escreveu um dos artigos do livro, enalteceu a atuação pastoral do Bispo.  “O dom Angélico tem uma coisa extremamente importante: ele tem uma noção clara que a sociedade é dividida em classes e fez a opção pela classe operária. Toda a ação evangélica dele vem nesse sentido”.
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‘Pretendo caminhar com o meu povo como servidor’
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Dom Angélico concedeu entrevista a Daniel Gomes antes do lançamento do livro.
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Qual foi a reação do senhor ao saber do projeto do livro?
De início, eu fui radical: ‘não percam tempo escrevendo a história de dom Angélico, agora se vocês quiserem algo importante, escrevam a história da Igreja povo de Deus lá na Leste e eu misturado como sacerdote, profeta e pastor’. A cada dia, me convenço mais que o bispo, o padre, nós somos chamados especialmente por Jesus para caminhar com o povo. 
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Que impressões já teve do livro?
Acho que quiseram contemplar os meus 80 anos e é impressionante, pois não vejo motivo para estarmos comemorando 80 anos. Cada dia deve ser vivido intensamente, Jesus já dizia que a cada dia basta o seu fardo, então, eu comemorando 80 anos por dádiva de Deus, e não por mérito pessoal, sou uma pessoa altamente favorecida por Jesus, a cada dia que passa, fico mais apaixonado por Jesus, e agora, bispo emérito, tenho entusiasmo de jovem no trabalho de evangelização.
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Que histórias o senhor ainda pretende construir ao lado do povo?
Sinceramente, pretendo caminhar com o meu povo como servidor. Aos 80 anos, digo como São Francisco de Assis: ‘Até agora fiz pouco, hoje recomeço’, com muito entusiasmo e gratidão a Deus por ter me chamado a fazer parte da Igreja Santa, minha Mãe e mestra, para ser padre, bispo, servidor desse povo amado de Deus, povo de Deus a caminho.       

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