sábado, 15 de maio de 2010

Igreja sinaliza para o fim do uso de projetores multimídia nas missas

por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

No mês em que a Igreja celebra o 44° Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 16 de maio, sob o tema “O padre e as pastoral no mundo digital: novos meios de comunicação a serviço da palavra”, a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, apresenta um documento que aponta para o fim do uso de projetores multimídia nas missas e celebrações.

As recomendações foram expostas na 48ª Assembléia Geral da CNBB, em Brasília e repassadas em carta aos presbíteros, com a assinatura de dom Joviano de Lima Júnior (arcebispo de Ribeirão Preto – SP), dom Fernando Panico (bispo de Crato – CE) e dom Sérgio Aparecido Colombo (bispo de Bragança Paulista – SP).

Apesar de o uso de projetores multimídia ser uma realidade distante da maior parte das comunidades da Região Brasilândia – o recurso mais utilizado, em especial para a visualização de músicas ainda é o retroprojetor e nas comunidades mais carentes uma das alternativas é escrever a música em cartolinas – o equipamento tem ganhado a cada dia mais utilidade nas paróquias e comunidades da Igreja em todo mundo, especialmente para a projeção de cantos, orações, leituras bíblicas e até esquematização de homílias. Os defensores dos projetores multimídia alegam que é um recurso prático, chamativo aos fieis e benéfico sob as óticas financeira e ecológica, pois ajuda a economizar papéis com folhetos e livros de cantos, por exemplo.

Embora haja essas vantagens, o documento da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB problematiza que o uso de projeções multimídia tem interferido no envolvimento dos fiéis na liturgia e feito com que desviem o foco de dois elementos centrais da missa: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.

No documento, a CNBB alerta que “...não convém que a assembléia acompanhe o texto da oração eucarística, seja ele impresso ou projetado, mas, com os olhos voltados para o altar, ouça a voz do presidente que proclama a solene ação de graças. Neste momento, não pode a assembléia centrar-se em imagens ou filmes projetados no telão. As aclamações da assembléia poderiam ser proferidas ou cantadas pelo diácono ou outro ministro e repetidas pelo povo” e ainda complementa que “...estaria muito mais de acordo com a natureza da liturgia a assembléia voltar-se para o ambão, com olhos e ouvidos atentos ao ministro que proclama a Palavra ‘em voz alta e distinta’ (cf. IGMR 38), em vez de acompanhá-la com os olhos fixos num texto impresso ou em projeções no telão”, recomenda o texto.

Os autores do documento justificam as recomendações com base em outras diretrizes da Igreja, segundo as quais o presidente da celebração, ao proclamar a palavra e ao presidir a eucaristia, assume a função e as ações do próprio Cristo. “Imagens projetadas durante a celebração desviam a nossa atenção da ação de Jesus Cristo, aqui e agora, na própria ação ritual. Além disso, sendo o filme, ou vídeo, um acontecimento em si mesmo, não se destina a ilustrar outro acontecimento que é o mistério de Cristo e da Igreja na própria ação ritual em ato”, diz outro trecho.

Em outras partes do documento, o projetor multimídia é apontado com elemento estranho ao espaço celebrativo e dificultador das ações sagradas e da ativa participação dos fiéis na liturgia. Apesar das fortes considerações, o documento não impede o uso dessa tecnologia para momentos de formação e evangelização.

Música litúrgica e missas de cura e libertação

O documento apresentado em 13 de maio na Assembléia Geral da CNBB também faz ponderações sobre o uso da música na liturgia e a realização das missas de cura e libertação. Sobre as músicas, pede-se que não sejam vistas apenas como um acessório da celebração, mas sim como elemento de natureza sacramental e de oração, estando inserida em um tempo litúrgico e em sintonia com a palavra de Deus. “Nem toda a música religiosa presta-se para o momento ritual. Há uma forte tendência em escolher uma música apenas por ser bela ou por ser conhecida pelo povo, mas com um texto deslocado do momento ritual”, alerta do documento.

Em relação às chamadas missas de cura e libertação, a CNBB orienta que estas devem ser celebradas em horários especiais e com finalidades específicas de obter de Deus a cura e libertação de doenças. Os bispos do Brasil objetivam apresentar até 2011 as diretrizes para a realização de tais missas, buscando responder os inúmeros questionamentos de diversas alas da Igreja, que criticam o aspecto reducionista, utilitarista e mágico dado a algumas dessas celebrações e defendem que o momento de cura e libertação já está contemplado nos ritos de benção dos enfermos.

Um comentário:

Bruno Melo disse...

Interessante esta atenção dada aos referente uso. Mas não podemos ser radicais.

Concordo em tudo que o decidido, principalmente no uso de imagens e filmes. Mas, convenhamos que a projeção dos CANTOS propicia uma maior participação da assembleia, além de contribuir para uma diminuição de gastos com folhetos.

Li o texto e não vejo nenhuma objeção quanto à proibição total do uso nas celebrações. O que se exige é a não utilização de imagens e projeções nos momentos em que a atenção deve estar totalmente voltada para o altar (conforme já dito nesta postagem). Creio que ocorrem abusos por aí, como por exemplo a utilização de filmes em homilias, imagens animadas, etc.

Outro ponto discutido é a instalação do recurso que muitas vezes fere o ambiente sagrado. É preciso ter atenção na sua instalação para não interfira muito na arquitetura e chame a atenção mesmo desligado.

Por fim, afirmo mais uma vez que CONCORDO com o uso moderado do projetor nas missas, evitando imagens e filmes, e DEFENDO o uso apenas para a projeção dos cantos, que acarreta uma maior participação das pessoas. Devemos ter um cuidado na instalação para que seja discreta e não interfira no espaço sacro.

SOU CONTRA a proibição total. Acredito que os meios de comunicação (este blog por exemplo) e recursos tecnológicos podem contribuir e muito para evangelização e maior envolvimento e participação da assembleia nas celebrações, sejam litúrgicas ou não.

Parabenizo a PASCOM pelo blog e aproveito para divulgar o Blog da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, a qual participo.

http://paroquiasantacruzdeitaberaba.blogspot.com/

Fraternalmente,

Bruno Melo

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