sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Todo eleitor é cidadão e tem igual valor, certo?

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

Patético. Essa palavra resume o comportamento de seis candidatos ao governo de São Paulo que confirmaram presença em um debate com a população em situação de rua na capital, mas não compareceram ao encontro na manhã de 09 de setembro.

Aloizio Mercandante (PT), Celso Russomano (PP), Fábio Feldman (PV), Geraldo Alckmin (PSDB), Paulo Búfalo (PSOL) e Paulo Skaf (PSB), todos sempre presentes aos debates e entrevistas em jornais, rádios e tevês, não deram a mínima satisfação ao movimento dos moradores em situação de rua. Somente alguns candidatos ao legislativo estadual e municipal “deram uma passadinha no evento”. Em sinal de protesto, os presentes deram as costas para a mesa onde deveriam estar os debatedores.

Por que não compareceram? Foi a pergunta que ficou no ar, já que nenhum dos candidatos tinha compromisso agendado para aquela manhã. Seria o medo de assinar o termo de compromisso elaborado pelo movimento dos moradores em situação de rua? Ou a crença, preconceituosa, de que os moradores em situação de rua têm pouco valor por não serem formadores de opinião e não interferem nos destinos financeiros e sociais do estado e do país? Por quê não foram, afinal?

Seja lá quais forem as justificativas, se é que elas virão, nunca é demais lembrar a alguns políticos que o artigo 5° da Constituição da República Federativa do Brasil coloca todos os brasileiros com iguais direitos perante a lei. Além disso, obviamente, a urna eletrônica não dá peso “2” a voto de rico e peso “1” ao voto dos excluídos. Ao menos nesse momento, todos são iguais na democracia.

No cotidiano das estratégias e do marketing político deve ser “muito mais benéfico” ir à tevê e falar aos 50,5% dos brasileiros, cerca de 94,9 milhões de pessoas, que hoje fazem parte da classe C de consumo, conforme pesquisa divulgada em 10 de setembro pela Fundação Getúlio Vargas, FGV. Afinal, é para essa classe média - onde muito provavelmente, eu e você, leitor, estamos inclusos – que os políticos direcionam seus discursos eleitorais, pois a conquista da maior parte desses eleitores pode decidir a eleição.

O mais lamentável é que quando muitos desses políticos chegam ao poder, felizmente há exceções à danosa regra, os interesses públicos ficam relegados em segundo plano. Um levantamento do Movimento Nossa São Paulo, feito durante todo o mês de agosto na Câmara Municipal de São Paulo revelou que dos 114 projetos de lei apresentados pelos vereadores, 22 são para dar nome a ruas e equipamentos públicos, 19 são para concessão de títulos e homenagens e outros cinco acrescentam datas comemorativas ao calendário da cidade. Em resumo, mais de 40% dos projetos não trarão melhoria qualquer para a vida do morador da cidade.

Que essas situações, constatações e reflexões não sejam esquecidas em 03 de outubro. E que a cobrança sobre os eleitos permaneça após as eleições.

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