sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Universitários perdidos no álcool. Falta de acolhida?

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

Pesquisa publicada nesta semana pelo Jornal da Tarde, promovida por uma faculdade particular de São Paulo, revelou que dos 536 estudantes consultados, 27% disseram ter urgência ou necessidade constante de consumir álcool e 4% mantém essa sensação diariamente, e dois a cada três estudantes consomem bebidas alcoólicas ao menos uma vez por semana.

Aceitas socialmente, e por vezes absurdamente consumidas de forma indistinta nas famílias, as bebidas alcoólicas têm poder tão nocivo, em médio prazo, quanto os entorpecentes e desencadeiam, indiretamente, acidentes de trânsito, práticas sexuais irresponsáveis, violência e diversos problemas de saúde.

Outros dados preocupantes da pesquisa: ao menos uma vez na vida, 71% dos estudantes já fizeram uso de maconha, 91% tragaram derivados de tabaco e 99% ingeriram bebida alcoólica.

A democratização do ensino superior na última década abriu as portas das universidades para parcelas maiores da população e nesse contingente de universitários estão muitos jovens católicos. Não seria oportuno, portanto, uma ação da pastoral universitária no enfrentamento dessa problemática silenciosa do consumo indiscriminado do álcool nas universidades? Fica a sugestão.

Outra indagação: em comunidades e paróquias os universitários estão sendo acolhidos, estimulados a participar das atividades pastorais nas quais atuavam antes do ingresso no ensino superior? (quem não conhece ao menos um universitário que tenha se afastado da Igreja após o ingresso na faculdade?)

Recentemente, em artigo publicado no jornal O SÃO PAULO, semanário da Arquidiocese, dom Aloísio Roque Oppermann, arcebispo de Uberaba (MG), alertou para a existência no mundo universitário dos “profetas desastrados”, felizmente uma minoria, de mestres do ensino superior que “procuram extinguir a fé, sob a alegação de espírito aberto” que forçam os alunos a terem contato apenas com bibliografia de autores ateus ou agnósticos fazendo que sobrem em seu espírito “uma ponta de dúvida que, muitas vezes, se traduz em esfriamento da fé”.

Em hipótese alguma, quer se aqui questionar o quão positivo é ao universitário ter contato com múltiplas correntes de pensamento ao longo da formação acadêmica, e muito menos se coloca em dúvida o quanto o ser humano pode crescer intelectualmente e pessoalmente ao longo de um processo de formação superior.

Tanto os resultados da pesquisa, quanto as observações de dom Aloísio soam como um aviso à Igreja: jovens que saíram de nós estão se perdendo pelo mundo, será que não por culpa da nossa falta de acolhida e espaço de vida em comunidade? Recentemente, em Curitiba (PR), a Pastoral Universitária discutiu um documento, a ser publicado em breve, sobre o planejamento de ações evangelizadoras nas instituições de ensino superior: oxalá, que a problemática do alcoolismo entre universitários esteja contemplada.

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