sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Católicos são chamados a eleger conselheiros tutelares

Por Daniel Gomes, reportagem publicada no jornal O São Paulo

Os eleitores de São Paulo poderão escolher no domingo, dia 16, os 220 conselheiros tutelares da cidade, responsáveis por fiscalizar e elaborar propostas voltadas à garantia dos direitos das crianças e adolescentes. O voto é facultativo e as eleições serão coordenadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).

A Arquidiocese de São Paulo, por meio da Equipe de Articulação em Defesa da Criança e do Adolescente - formada pelo Clasp (Conselho de Leigos da Arquidiocese) e as pastorais da Criança, Juventude, do Menor, e Fé e Política - está mobilizada no apoio e orientação aos candidatos ligados às paróquias.

De acordo com Sueli Camargo, integrante da equipe de articulação, ao longo do ano houve encontros formativos com os candidatos e indicação para que as paróquias os apoiassem explicitamente. Agora, na proximidade das eleições, a articulação tem sido feita com a distribuição de 500 mil folders formativos e informativos; envio às paróquias de um quadro com os locais de votação e o nome e número dos candidatos, conforme os conselhos atuantes na área de cada região episcopal; além de uma carta de motivação às eleições, de dom Milton Kenan Junior, bispo referencial das Pastorais Sociais.

“A nossa proposta é que os candidatos que procuram nosso apoio, que estão ligados à vida da Igreja, às comunidades, sejam assessorados pela Arquidiocese, por essa equipe de articulação, de tal forma que possam nos seus mandatos, estar comprometidos na defesa da criança e do adolescente”, afirmou o bispo em entrevista a O São Paulo em que também destacou que a causa das crianças e adolescentes é de responsabilidade de todos: “os conselheiros nos representam, mas alguns compromissos são indelegáveis, toda a sociedade que tem que estar envolvida”, opinou.

Por meio de decreto, em março deste ano, o prefeito Gilberto Kassab criou sete novos conselhos tutelares (Bela Vista, Brasilândia, Cangaíba, Grajaú II, Parque São Rafael, Pedreira e Rio Pequeno). Assim, a cidade terá após as eleições 44 conselhos, cada um com cinco integrantes.

Tanto para dom Milton quanto para Sueli, a ampliação, apesar de representar um avanço, não resolverá todas as demandas na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.

O bispo avaliou que há necessidade de a sociedade estar mais informada, sensibilizada e mobilizada, especialmente no que se refere ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Os candidatos iriam ajudar muito se tomassem como compromisso conhecer, aprofundar, divulgar o estatuto”, expressou.

Sueli Camargo considera que “a realidade da criança e do adolescente na cidade ainda é precária”, e aponta que os futuros conselheiros precisarão tomar posições diante de realidades como a da Cracolândia, fechamento de abrigos e dos Centros de Referência à Criança e Adolescente (Crecas), proposta de internação compulsória e defesa dos direitos de meninos e meninas em conflito com a lei, especialmente os que estão na Fundação Casa.

Após as eleições, de acordo com Sueli, a equipe de articulação vai acompanhar os trabalhos dos eleitos, dando-lhes formação e orientações diante de dificuldades. Dom Milton espera que os eleitos “sejam vez e voz das crianças e dos adolescentes, que sejam um grito profético na realidade que vivemos, capazes de sensibilizar as comunidades, as populações, sobre as realidades dos menores que hoje são vítimas imediatas, indefesas, deste mundo que têm o lucro como sua lei”.

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