quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mãe Aparecida traz esperança ao rio Tietê

Por Daniel Gomes, com base em reportagem publicada no O SÃO PAULO
Fotos: equipe de comunição da Paróquia Bom Jesus dos Passos
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Do alto da Ponte do Piqueri, devotos com bandeirinhas, terços e camisetas de Nossa Senhora Aparecida tem olhares atentos às águas turvas e mal cheirosas do Rio Tietê. Lá embaixo, em um pequeno barco, a imagem da padroeira do Brasil se aproxima após peregrinação fluvial iniciada em 21 de setembro, na cidade de Salesópolis (SP) e que teve paradas em cidades paulistas às margens do rio.
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Na nona edição do projeto Tietê Esperança Aparecida, 2 mil pessoas se uniram na sexta-feira, 12, para testemunhar publicamente a devoção a Nossa Senhora e foram convidadas a refletir sobre a despoluição e revitalização do Rio Tietê.
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“É uma emoção ver despertar no povo a esperança, a certeza da bondade de Deus que se faz presente na vida de cada um e também na natureza”, comentou padre Palmiro Carlos Paes, idealizador do projeto iniciado em 2004 e que tem o apoio logístico do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE).
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O projeto traz essa vontade de querer mudar, chamar a atenção de nossas autoridades. Vimos a tristeza do Tietê com tanto lixo, e não era lixo que estava há dias no rio, é lixo de agora, trazido das ruas, dos bueiros. O povo tem que tomar consciência de que a despoluição do Tietê depende de cada um de nós”, complementou o padre.
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Ainda na beira do rio, a imagem foi acolhida por dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Brasilândia, e conduzida ao alto do ponte, onde muitos se emocionaram ao vê-la e se esforçaram para tocá-la.
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“Tudo que eu peço, consigo. Dois anos atrás o meu pai teve câncer no intestino e graças a Deus hoje ele não tem mais e se Deus quiser o ano que vem vou trazer ele bom”, disse Roseli Simões da Silva, paroquiana da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, da Vila Bonilha.
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“Em 2010, um carro me pegou na Marechal Deodoro [em frente à estação do metrô] e me jogou uns 15 metros pra frente. Dali fui socorrido pelo cara que me atropelou, fui parar no hospital e fiquei oito dias e oito noites na UTI. Na hora do acidente, só gritei o nome de Nossa Senhora Aparecida e não vi mais nada. Hoje estou aqui”, recordou emocionado João Cordeiro de Oliveira, da Paróquia Nossa Senhora das Dores, de Taipas.  
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Pela avenida General Edgar Facó, os fiéis seguiram em procissão até a Paróquia Bom Jesus dos Passos, no Moinho Velho, onde foi realiza missa campal. Pelo trajeto, que durou aproximadamente 50 minutos, novos exemplos de devoção à padroeira do Brasil: pessoas nos comércios, prédios e em ônibus, bem como ciclistas, veneraram a imagem tão logo a avistavam sobre o carro do Corpo de Bombeiros em que foi conduzida.
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Na celebração presidida por dom Milton e concelebrada pelos padres Palmiro e Sebastião Marques, do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o bispo recordou o episódio do encontro da imagem no Rio Paraíba do Sul, em 1717, por três pescadores e comentou sobre a ligação afetiva dos brasileiros com a Mãe Aparecida.
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“Nós brasileiros temos uma história de amor com Nossa Senhora. Ela nos acompanhou desde o início e em Aparecida nos dá um sinal da sua presença, da sua continua intercessão por nós”, apontou dom Milton, destacando que Maria apostou a vida na Palavra de Deus e que os cristãos devem ter a coragem de testemunhar a fé e zelar pela criação de Deus.
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Entre nós, o Rio Tietê tem história e um significado importante, está implicado no Tietê a vida das pessoas. Cuidar do rio, cuidar do meio ambiente, cuidar da vegetação é cuidar da vida e isso é consequência da nossa fé”, comentou dom Milton à reportagem.
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“Se cremos que nada está perdido, também o Rio Tietê não está perdido. Se as nossas autoridades continuarem a se empenhar, se nós, população, cuidarmos deste rio, com as bençãos de Nossa Senhora Aparecida, as águas que parecem mortas poderão ressurgir e ser fonte de vida”, disse o bispo na homília.
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Desde 1992, o governo do Estado de São Paulo conduz um projeto de despoluição do Rio Tietê. Em setembro deste ano, o executivo paulista sinalizou que em 2015 o rio já não será malcheiroso e poderá ter vida aquática na região metropolitana, por conta da ampliação do tratamento e coleta de esgoto.
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Presente à missa, Alda Marco Antônio, vice-prefeita de São Paulo, garantiu que a capital já não lança mais esgoto doméstico no rio Tietê, mas outras cidades ainda o fazem e falta maior conscientização da população.
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“É preciso haver uma grande campanha cultural para alertar as pessoas que a água do rio Tietê, embora esteja escura, é algo vivo, tem que ser protegida. Temos que atingir o pensamento das pessoas para que elas entendam que jogar alguma dentro do rio é contribuir para a morte do Rio”.

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