Fotos: equipe de comunição da Paróquia Bom Jesus dos Passos
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Do
alto da Ponte do Piqueri, devotos com bandeirinhas, terços e camisetas de Nossa
Senhora Aparecida tem olhares atentos às águas turvas e mal cheirosas do Rio
Tietê. Lá embaixo, em um pequeno barco, a imagem da padroeira do Brasil se
aproxima após peregrinação fluvial iniciada em 21 de setembro, na cidade de
Salesópolis (SP) e que teve paradas em cidades paulistas às margens do rio.
Na
nona edição do projeto Tietê Esperança Aparecida, 2 mil pessoas se uniram na
sexta-feira, 12, para testemunhar publicamente a devoção a Nossa Senhora e
foram convidadas a refletir sobre a despoluição e revitalização do Rio Tietê.
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“É
uma emoção ver despertar no povo a esperança, a certeza da bondade de Deus que
se faz presente na vida de cada um e também na natureza”, comentou padre
Palmiro Carlos Paes, idealizador do projeto iniciado em 2004 e que tem o apoio
logístico do Departamento de Águas e Energia
Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE).
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“O projeto traz essa vontade de querer
mudar, chamar a atenção de nossas autoridades. Vimos a tristeza do Tietê com
tanto lixo, e não era lixo que estava há dias no rio, é lixo de agora, trazido
das ruas, dos bueiros. O povo tem que tomar consciência de que a despoluição do
Tietê depende de cada um de nós”, complementou o padre.
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Ainda
na beira do rio, a imagem foi acolhida por dom Milton Kenan Júnior, bispo
auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Brasilândia, e conduzida ao alto
do ponte, onde muitos se emocionaram ao vê-la e se esforçaram para tocá-la.
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“Tudo
que eu peço, consigo. Dois anos atrás o meu pai teve câncer no intestino e
graças a Deus hoje ele não tem mais e se Deus quiser o ano que vem vou trazer
ele bom”, disse Roseli Simões da Silva, paroquiana da Paróquia Nossa Senhora do
Rosário de Fátima, da Vila Bonilha.
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“Em 2010, um carro me pegou na Marechal
Deodoro [em frente à estação do metrô] e me jogou uns 15 metros pra frente.
Dali fui socorrido pelo cara que me atropelou, fui parar no hospital e fiquei
oito dias e oito noites na UTI. Na hora do acidente, só gritei o nome de Nossa
Senhora Aparecida e não vi mais nada. Hoje estou aqui”, recordou emocionado
João Cordeiro de Oliveira, da Paróquia Nossa Senhora das Dores, de Taipas.
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Pela
avenida General Edgar Facó, os fiéis seguiram em procissão até a Paróquia Bom
Jesus dos Passos, no Moinho Velho, onde foi realiza missa campal. Pelo trajeto,
que durou aproximadamente 50 minutos, novos exemplos de devoção à padroeira do
Brasil: pessoas nos comércios, prédios e em ônibus, bem como ciclistas,
veneraram a imagem tão logo a avistavam sobre o carro do Corpo de Bombeiros em
que foi conduzida.
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Na
celebração presidida por dom Milton e concelebrada pelos padres Palmiro e
Sebastião Marques, do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o bispo
recordou o episódio do encontro da imagem no Rio Paraíba do Sul, em 1717, por
três pescadores e comentou sobre a ligação afetiva dos brasileiros com a Mãe
Aparecida.
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“Nós
brasileiros temos uma história de amor com Nossa Senhora. Ela nos acompanhou
desde o início e em Aparecida nos dá um sinal da sua presença, da sua continua
intercessão por nós”, apontou dom Milton, destacando que Maria apostou a vida
na Palavra de Deus e que os cristãos devem ter a coragem de testemunhar a fé e
zelar pela criação de Deus.
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“Entre
nós, o Rio Tietê tem história e um significado importante, está implicado no Tietê
a vida das pessoas. Cuidar do rio, cuidar do meio ambiente, cuidar da vegetação
é cuidar da vida e isso é consequência da nossa fé”, comentou dom Milton à
reportagem.
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“Se cremos
que nada está perdido, também o Rio Tietê não está perdido. Se as nossas
autoridades continuarem a se empenhar, se nós, população, cuidarmos deste rio,
com as bençãos de Nossa Senhora Aparecida, as águas que parecem mortas poderão
ressurgir e ser fonte de vida”, disse o bispo na homília.
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Desde
1992, o governo do Estado de São Paulo conduz um projeto de despoluição do Rio
Tietê. Em setembro deste ano, o executivo paulista sinalizou que em 2015 o rio
já não será malcheiroso e poderá ter vida aquática na região metropolitana, por
conta da ampliação do tratamento e coleta de esgoto.
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Presente
à missa, Alda Marco Antônio, vice-prefeita de São Paulo, garantiu que a capital
já não lança mais esgoto doméstico no rio Tietê, mas outras cidades ainda o
fazem e falta maior conscientização da população.
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“É preciso
haver uma grande campanha cultural para alertar as pessoas que a água do rio Tietê,
embora esteja escura, é algo vivo, tem que ser protegida. Temos que atingir o
pensamento das pessoas para que elas entendam que jogar alguma dentro do rio é
contribuir para a morte do Rio”.
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