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"Quantas vezes mais? quantos jovens mais? Nós, jovens, queremos vida em abundância, vida e dignidade, vida e esperança, estamos cansados, exaustos, de perder amigos, familiares, irmãos. Não serão os bandidos, não serão as milícias que cessarão nossa sede de Cristo, nossa sede de amor. É necessário repensarmos, questionarmos e nos posicionarmos a favor da vida, para que não tenhamos mais vítimas, como tantos adrianos e vinicius, que são abatidos por tão pouco”.
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A mensagem lida por integrantes da Pastoral da Juventude da Região
Brasilândia sintetiza o sentimento predominante na missa de 7º Dia dos jovens
Vinicius do Nascimento Lima, 14 anos, e Adriano Ferreira Pessoa, 20 anos,
assassinados na noite de 27 de março, no Parque Belém, nas proximidades da
Paróquia Espírito Santo, na periferia da zona noroeste.
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A missa foi celebrada na mesma paróquia na quarta-feira, dia 3, presidida
por dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região
Brasilândia, e concelebrada por dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito
de Blumenau (SC) e pelo pároco, padre Jaime Estevão Gomes.
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Durante a celebração, foi recordado o contexto da morte dos jovens:
Vinicius conversava com um grupo de amigos, quando dois homens em uma moto
passaram atirando pela rua Nícia Patrícia Coutinho. Uma das balas o atingiu
fatalmente e outra acertou Adriano, que passeava de bicicleta pelo local.
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Dom Milton expressou sua solidariedade às famílias dos jovens
assassinados, apontou que todos devem lutar pela paz, pois o plano de Jesus é
que a humanidade tenha vida em abundância, e lembrou que todos os moradores do
bairro estão aflitos com as situações de violência.
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O Bispo comentou ainda que ao saber da notícia do assassinato, o
secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, prometeu
empenho nas investigações e propôs que a paróquia crie uma comissão para ajudar
a secretaria a identificar as raízes das situações de violência que assolam o
bairro desde novembro do ano passado. O secretário foi representado na
celebração por seu assessor, o promotor Eduardo Dias.
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Dom Angélico, ao final da missa, abraçou os pais e irmãos dos jovens assassinados
e estimulou toda a assembleia a não se intimidar diante da violência. “Nada de
ficar de cabeça baixa. A pior coisa é o povo ficar com medo, com receio. Eu
mesmo já fui assaltado duas vezes nesta cidade, certa vez até coronhada na
cabeça eu levei. Onde está a fábrica de tanta violência, criminalidade?
Muitas vezes, isso começa pela educação. Os jovens hoje entram na escola às
oito da manhã e saem ao meio dia. É pouco. É preciso investir em educação, em
transporte, em melhorias para a periferia”, destacou o bispo emérito,
estimulando a população a participar dos conselhos de representantes dos
equipamentos públicos.
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Em entrevista, padre Jaime comentou que tem recebido apoio do clero da
Brasilândia e em especial de dom Milton e dom Angélico para prosseguir com as
atividades pastorais no bairro e também lembrou que o bispo regional tem
intermediado as conversas com a Secretaria de Segurança Pública para que se
chegue a medidas práticas diante do desafio da violência.
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“Todo este cenário de violência, atentados, nos leva a refletir sobre a
necessidade de renovar a nossa fidelidade ao Deus da vida, rezando estes
acontecimentos não como derrotas, e sim como elementos do cotidiano, que nos
levam a saudar o Deus da Vida, e ver a necessidade de esse Deus acolhedor,
carinhoso e de esperança ser apresentado aos outros jovens”, refletiu o
pároco.
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